Você sabe que possui uma alma imortal. Todos sabemos. Ainda que você asfixie esse conhecimento natural, sua própria consciência testemunha de que a sua existência não se extinguirá depois que o seu corpo se for. É uma perturbadora e constante idéia diante da qual nem eu, nem você, nem ninguém permanece impassível. E é uma idéia da qual não podemos fugir: pois quando olhamos ao nosso redor, o Infinito nos dá seu testemunho. Lá está o céu sem fim, cujas alturas se estendem além das trevas exteriores; lá está o interminável mar, seus abismos inexploráveis, suas águas há longos milênios sobre a terra; lá estão as incontáveis estrelas, com seus segredos imemoráveis. Em cada uma dessas obras o Infinito aguça ainda mais nosso desejo pelo que é Eterno, a cada um desses chamados a imortalidade da sua alma responde com júbilo. Contudo, qual o exato destino de sua alma imortal quando seu corpo descer à sepultura? Estar incerto quanto a isto, não te faz estremecer quando pensa a respeito da infindável eternidade que te aguarda? A Escritura diz “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração” [Eclesiastes 7:2]. É proveitoso pensar na morte, no fim de todos os homens. Sua alma é imortal, mas seu corpo não; por isso consideremos o inevitável crepúsculo, porque nem eu, nem você, poderemos fugir disto. E a questão necessariamente incluída neste pensamento é aquela que já nos fizemos, ainda há pouco: após a morte, pelo longo tempo no futuro sem fim, onde estará a minha alma imortal? Mais dia, menos dia, você terá de encarar esta questão e, peço ao Senhor, que Ele te conduza a fazê-lo agora, em minha companhia, pois, se deixarmos para fazê-lo depois, o súbito fim da existência pode te apanhar antes de ter lidado com esta questão da maneira como se deve lidar. Vamos, juntos, ouvir do Senhor o que Ele pode nos ensinar a este respeito. O que Ele diz que nos acontecerá depois da morte? Um Julgamento. Cada homem morre “uma só vez”, “uma vez para sempre” ao que se segue o Juízo [Hebreus 9:27-28]. Quando morrer, você se apresentará diante de Deus, o Justo Juiz dos vivos e dos mortos [Salmo 7:11, Atos 10:42]. Será que isto é bom? O Senhor nos diz que não será bom para todos. Na verdade, estar diante de Deus será terrível para muitos [Mateus 22:12-14, 2 Coríntios 5:9-11]. Por quê? Porque só terá descanso o homem que, quando se apresentar diante de Deus, já estiver em paz com Ele, já estiver sob Seu favor – este homem receberá sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa e habitará com Deus para sempre. Porém, a pessoa que se apresentar diante dEle sem estar sob o Seu favor, receberá sua parte no Lago de Fogo e tormento eterno [Apocalipse 22:14-19, 20:14,15]. Portanto, devemos nos perguntar, com temor e preocupação: Como conseguir o favor de Deus? Como estaremos prontos para nos apresentarmos ao Senhor, no dia do Juízo? A surpreendente resposta é: Deus está oferecendo gratuitamente o Seu favor e a Sua paz. Ele está oferecendo-os neste momento a mim, a você e a todos quantos quiserem. Ele está oferecendo-os em Cristo.
Ouçamos a Sua voz a chamar: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” [Isaías 55:1] “Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” [Apocalipse 22:17].
Gratuitamente Ele nos chama, não há necessidade de pagamento ou de permuta, o favor de Deus é gratuito para todo aquele que crê. “Crê no Senhor Jesus e serás Salvo” [Atos 16.31].
Veja que há boas razões para ser assim. Dar-te-ei apenas três motivos:
1)“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” [Atos 17.24,25] – Deus não é servido como se de alguma coisa precisasse – Ele é completo em Si mesmo, não há nada que você possua que possa acrescentar algo ao Senhor;
2) “O Salário do pecado é a Morte” [Romanos 6:23] - Por causa dos seus pecados, tudo o que você merece de Deus é a Morte.
3)O preço suficiente para te redimir e te dar o favor de Deus já foi pago [1 Coríntios 6:20, 7:23].O único que poderia agradar ao Senhor, o único Justo, Cristo Jesus, viveu uma vida reta e morreu uma morte que não merecia, para comprar Salvação para os que nEle crêem.
Agora, venha e compre sem dinheiro, venha e receba a paga pelo trabalho de Cristo. “Ora ao que trabalha, o salário não é considerado como favor e sim como dívida.” [Romanos 4:4] Se você tenta ganhar a salvação pelas suas obras, mas labuta também o pecado, o salário que te é devido é a morte por causa do pecado [Romanos 6.23]. A Palavra nos diz que “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos” [1 João 1:8], donde entendemos que não há homem algum isento de culpa, que todos nós, com maior ou menor malignidade, com maior ou menor dolo, pecamos. Sim, é isso mesmo que a Escritura nos diz: “todos pecaram e carecem da glória de Deus” [Romanos 3:23, cf. Salmo 51:5]. Assim, se todos temos algum pecado, todos receberemos o salário do pecado, que é a morte. Simplesmente não há saída para o pecador, nenhuma de nossas boas ações podem nos livrar da escravidão do pecado [João 8:34, Romanos 6:20] e de, por conseqüência disto, herdar o inferno. Por isso, tentar adquirir a Salvação e o favor de Deus como recompensa por nossas boas obras é inútil [Romanos 3:20, Gálatas 2:16]. É impossível aos homens adquirirem a Salvação para si mesmos [Marcos 10:27, Mateus 19:26].
Se somos tão miseráveis e estamos tão certamente condenados, como receberemos o favor de Deus? Simples: confiando no trabalho e na retidão de Deus e não em nada que provém de nós mesmos.“Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” [Romanos 4:5] Abra seus olhos e veja! Eis aqui a Maravilhosa Graça de Deus! Eis o sentido daquele chamado que ouvimos antes, eis o significado da voz do Salvador que diz: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” [Isaías 55:1]. Por isso você pode vir, por isso você pode comprar sem dinheiro: porque aquele que não trabalha para alcançar o favor de Deus, mas crê em Cristo Jesus, receberá o salário pelo trabalho de Cristo Jesus e será visto por Deus como Justo! O Senhor Cristo Jesus, Filho de Deus, viveu em perfeita santidade, sendo tão rico em retidão e merecedor de tão excelente favor de Deus que pode tomar da Sua retidão e entregá-la a Deus no lugar das imundas obras do pecador. Sim, repito: Nós, que somos pecadores, se crermos que Cristo é a nossa Justiça, receberemos o salário devido a Cristo pela retidão dEle e não o salário que era nosso pelo nosso pecado. Cristo já pagou o débito de todos os que crerão nEle! Venha e receba o que Ele comprou, o tesouro precioso de Salvação e da abundante vida com Deus - Ele o comprou com Seu preciso Sangue, para todo aquele que nEle crer.
Ouçamos ao Senhor Jesus Cristo mesmo, que nos ensina sobre tal maravilhoso convite da Graça por meio da parábola do Fariseu e do Publicano:
“Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” [Lucas 18:10-14]
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e não permita que sejamos cegos para a hipocrisia e altivez que espreita nossas almas! Veja que o fariseu orava para si mesmo, para obscurecer a consciência de sua dívida, confiado em sua religiosidade e em suas boas obras; por isso ele adentrou o templo sob a Ira de Deus, e sob a Ira de Deus desceu para sua casa. Nenhuma das suas boas ações, nem a sua dedicação religiosa, nem seus jejuns, nem sua obediência externa à Lei, nem seus dízimos - nada do que fez pôde torná-lo verdadeiramente Santo e Justo. E Deus não exige nada menos do que santidade absoluta e perfeita justiça para estar sob Seu Favor. “Sede santos porque Eu sou Santo” [1 Pedro 1:16] diz o Senhor; Ele mesmo é o padrão da santidade que Ele exige: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração; Aquele que não difama com a língua, nem faz mal ao próximo” [Salmo 15:1-3] e “Nela [Nova Jerusalém] nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira” [Apocalipse 21.27]. Assim, o fariseu não obteve o favor de Deus; antes, a Sua Ira porque, por mais que se esforçasse em seus deveres, jamais alcançaria perfeita justiça; e pior, por considerar que a mínima retidão que possuía era digna do favor de Deus, ele menosprezou a santidade do Senhor e imaginou um falso deus, muito menor e mais débil que o Santo, Santo, Santo Deus Altíssimo e Eterno. O fariseu permaneceu nas suas injustiças, cego em seus pecados, porque quis alcançar ao Senhor com sua própria força, pela sua própria obediência. Mas ninguém será justificado por obras [Romanos 3:20, Gálatas 2:16]. Agora atentemos para o que Jesus Cristo nos ensina acerca do ocorrido com o publicano. Ora, o pecador publicano, tão ciente de sua miséria a ponto de nem levantar os olhos aos céus, ofereceu apenas seus pecados ao Senhor; não ostentou pretensas boas ações, mas clamou por Sua misericórdia. E o que ocorreu? Ele foi declarado justo! Deus o perdoou e o enxergou como justo, pela retidão que há em Cristo, onde reside toda Misericórdia e Graça. O coração do publicano estava cheio de genuíno arrependimento, seu espírito sinceramente quebrantado diante do Altíssimo, sua mente tomada por ódio aos seus pecados e vergonha de sua miséria. Ele conhecia sua necessidade de perdão e conversão; ele sabia que só Deus podia dar-lhe um coração novo em Cristo. Ele se humilhou, ele implorou. E o publicano desceu para sua casa justificado.
Eis, sobre todos os povos, bendito Eternamente, o Deus que perdoa pecadores e converte os caminhos destes para o bem! Eis o Deus que está perto de cada um de nós, Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E é em Cristo, pela Sua perfeita justiça, que Ele pode ouvir seu clamor; em Cristo Ele pode receber sua fé e no Sangue de Seu Sacrifício, você pode ser lavado de suas iniqüidades; Sim! No Precioso e Santo sangue derramado na Cruz.
Desista de toda sua justiça, desista de buscar méritos em si mesmo, desista de comprar o favor de Deus com o seu trabalho. Cristo nos ensina, e toda a Escritura nos fala o mesmo: Não é o seu esforço, nem sua caridade; não são cerimônias religiosas e sacrifícios próprios, não é nenhuma “lei cármica” ou princípio de “evolução interior”; enfim, nada disso liberta o homem e dá o favor de Deus. Todas estas coisas são falsas, umas são fábulas e outras nada são por si mesmas. Todas estas coisas, se consideradas como caminho de justiça, apenas farão de você um escravo e demonstrarão sua condenação nos sofrimentos causados pelos seus próprios pecados. Elas não têm nenhum poder contra as vontades malignas da carne, nem nenhum poder para Salvação. Porque Deus pôs uma pedra de tropeço para todos que tentem chegar a Ele pela sua própria força. E esta pedra é a consumação da Graça da Salvação na Cruz de Cristo. “Está consumado!” [João 19:30] disse o Cristo na Cruz. Está finalizada a obra da Salvação de todos que, por fé, olham para Jesus como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” [João 1;29], e como autor do sacrifício na Cruz que cancela o escrito de dívida, que era contra nós [Colossenses 2:14]. A obra da Salvação já foi feita, fora de nós, sem a nossa participação! Agora Deus nos anuncia estas Boas Novas, e aguarda apenas que todos os que haverão de se salvar, creiam! Sim, nossa Salvação vem de Deus,“não de obras, para que ninguém se glorie” [Efésios 2:9].
Quão humilhante isto é para o homem que crê poder construir o próprio caminho para o estado eterno! Quão difícil para todos os soberbos e hipócritas que desejam fazer de si mesmos seus próprios deuses! Mas igualmente quão maravilhoso é para os fracos, quão maravilhoso para os cansados e pecadores! Ouça-me o cansado, ouça-me o aflito, ouça-me o pobre de espírito, ouça o chamado da Graça que proclamo: há esperança para o pior dos pecadores, pois Cristo não veio para os sãos, mas para os doentes; não para chamar os que se consideram justos, mas para chamar os pecadores ao arrependimento [Mateus 9:12-13]. A Salvação de todo o que crer já foi feita, o Senhor Jesus Cristo já completou-a no Calvário, pendurado no madeiro, tomando sobre Si as nossas dores e recebendo a paga pelos nossos pecados. Sim, “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” [2 Coríntios 5:21]. Oh, como é doce e suave a promessa de nosso Celeste Rei! Quão próxima e acessível está a estreita porta que leva ao estreito caminho para a morada eterna na Jerusalém Celestial! Que imensa liberdade recebem os que crêem em Cristo: são libertos dos seus pecados e das pesadas exigências dos ensinos dos homens! Que fardo terrível cai de nossas costas ao sabermos que o Senhor já comprou nossa Salvação e que somente precisamos crer para sermos salvos! Que grande peso podemos deixar aos pés da Cruz! Quão grandes são a sabedoria e o amor de Deus, pois Ele escolheu a pureza e a simplicidade do arrependimento e da fé verdadeiros para trazerem sobre o pecador o Seu perdão e favor eternos.
Que o Senhor nos leve a curvarmos nossas cabeças em submissão e arrependimento; que o Senhor nos leve a abandonarmos nossa justiça própria e confessarmos nEle que o Cristo morto por nós e ressurreto para a Glória, é o Senhor de nossa Salvação; que nEle foi consumada a nossa morte por causa de nossos pecados e que somente nEle está toda retidão que precisamos oferecer a Deus. Confessemos nossa necessidade, nossa pecaminosidade e incapacidade, e busquemos-nO com coração quebrantado e arrependimento verdadeiro. Somente assim receberemos dEle a bênção de sermos feitos Seus Filhos, de sermos aceitos como justos diante dEle, de termos Seu favor, de termos Seu Espírito habitando em nós e, por isso, seguramente esperaremos o dia em que nossa alma imortal, em um corpo ressurreto e glorificado, habitará com o Senhor, na Jerusalém Celestial, para sempre e sempre.
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