“Quando, pois, vos conduzirem e vos entregarem, proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de responder, mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem. E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais. Até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome; Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça. E quem perseverar até ao fim, esse será salvo. Na vossa paciência possuí as vossas almas.” [Marcos 13:11-13; Lucas 11:19]
É realmente importante compreendermos este padrão de interpretação que estamos descrevendo aqui a partir desta exposição do Discurso Profético de nosso Senhor no Monte das Oliveiras. Santos homens de Deus no passado já se deixaram confundir e impressionar por eventos que paralelizavam com os do Discurso Profético – cabe lembrarmos aqui, como um exemplo, do grande Puritano dos Estados Unidos da América chamado Cotton Mather. Durante a vida do senhor Mather houve: um terremoto de uma magnitude de aproximadamente 7.5 pontos cujos efeitos foram sentidos ainda por três dias; uma grande fome nos anos seguintes ao terremoto; com a fome, vieram as doenças como escarlatina e varíola; duas grandes guerras se deram no mesmo período, uma contra os índios da tribo Wampanoag e outra contra os franceses; o número de dissidências religiosas aumentou grandemente, e os papistas atacaram com grande ímpeto aos protestantes em todo o mundo (inclusive na Inglaterra, onde o movimento Puritano foi sufocado pelo Ato de Uniformidade) e um “surto” de autoproclamados feiticeiros causaram uma grande histeria em determinadas regiões dos EUA, especialmente em Salém; soma-se a isto o fato de o cometa Halley, com grande visibilidade e brilho, haver cruzado os céus. Ora, aparentemente o quadro estava completo – fomes, guerras, perseguições, apostasia e mesmo “sinais no céu” - e isto levou Cotton Mather a crer que o fim estava próximo. Foram necessárias algumas décadas e a aproximação da própria morte até que Mather concebesse, em conjunto com outros teólogos e ministros da Palavra, uma visão mais clara e condizente com a perspectiva histórica Reformada e Puritana de outros eminentes estudiosos do passado, como os amados João Calvino e John Owen. Infelizmente este equívoco deixou uma triste mancha na história de Cotton Mather e o apocaliptismo inspirado por ele perturbou não poucas vidas de homens e mulheres simples que Deus entregara aos seus cuidados pastorais e a sua influência como grande teólogo da Igreja naquele país. Tenhamos em mente este exemplo para que não sejamos levados por uma hermenêutica experiencialista que interpreta a Palavra de Deus em função das notícias dos jornais; antes, sejamos sóbrios e vigilantes para submeter nossa visão de mundo à Palavra de Deus, entendendo e reagindo a tudo o que ocorre, instruídos pela Escritura.
Destarte, a partir do que tem sido ensinado nestas últimas edições do Jardim Clonal, continuemos a examinar o texto paralelo dos Evangelhos a respeito do Discurso Profético, sabendo que aquelas coisas que examinamos até agora foram ditas especialmente com respeito a fundação da Igreja Neotestamentária e, em paralelo, a destituição da ordem Veterotestamentária, agora envelhecida e contaminada pelo judaísmo apóstata. Entretanto, ainda que não sejam ditas especialmente a nosso respeito, as palavras deste Sermão de nosso Senhor, tem suma relevância para nós, pois quando Tempos de Apostasia chegam, e a Ira de Deus é derramada com furor, e fomes, guerras e perseguições se acumulam mais ainda do que o normal, encontraremos nestas mesmas palavras, forças, instrução e esperança, para agirmos com sabedoria e suportarmos os tempos maus (sabendo que, como o tempo de provação do primeiro século redundou no progresso do Reino deCristo e foi sucedido por eras mais tranqüilas por algum tempo, da mesma forma o tempo de provação em que Cotton Mather viveu redundou no progresso do Reino de Cristo e foi sucedido por um século de grandes homens como Jonathan Edwards, William Carey, David Livingstone e, apesar de certas ressalvas, seria injusto não citar outros como Whitefield e Rowland).
Até este ponto fica claro que os Apóstolos deveriam ter por certo que seriam perseguidos: antes da Destruição do Templo, antes da plena fundação e revelação da Igreja de Cristo; antes, eles padeceriam perseguições. E não somente isto mas, nas mãos de uma Igreja Apóstata, vendida aos poderes de um Estado pagão, eles seriam levados ante os Conselhos Eclesiásticos e antes as autoridades seculares, para serem ameaçados e tentados a dissuadir da Fé. Nosso Senhor, conhecendo o coração dos seus discípulos, para firmá-los e prepará-los para estes confrontos, lhes dá preciosas orientações a respeito de como eles deveriam agir quando pressionados para tornarem-se Apóstatas. E que grandes confrontos seriam estes! Pois homens simples, pobres percadores das regiões rejeitadas da Palestina, teriam de enfrentar os grandes e poderosos (e, diga-se de passagem: justos aos seus próprios olhos) sobre a Terra, teriam de defender, diante destes tais homens - homens versados em discursos e em políticas - a Verdade do Evangelho. Ora, perante tal quadro, o que fariam os discípulos? A resposta desafia a lógica humana, mas igualmente descansa no mistério de Deus: “Não se preocupem com o que irão falar, não será a sabedoria humana que convencerá a estes homens.”. A salvação ou a condenação das almas pertence somente a Deus [Jonas 2:9], não sujeita-se ao que foi dado aos homens, não está em nosso alcance, ou no poder de nossa sabedoria [1 Coríntios 2:10-13]. Não seria pelo estudo das religiões e visões políticas dos ímpios que os confrontavam que os discípulos alcançariam convencê-los; não seria pelo diálogo intererreligioso, não seria pela retórica e pela pena afiada da lógica humana, nem seria pelos seus sentimentos, nem com terror ou com promessas de toda sorte de bênçãos: não! Bastaria o que o Espírito de Deus lhes desse. E, caso houvesse algum rei ou governante ou concílio a ser convertido pela pregação, assim o seria - e isto segundo a vontade e o poder de Deus. Mas também se houvesse de ser endurecido o coração dos ímpios e punido com açoites, prisão e morte todo aquele que prega a mensagem de Cristo, assim o seria. Nenhum homem alcança a humildade necessária ao Cristão, exceto se extirpado de sua autoconfiança; e que poderosa operação esta a de humilhar os discípulos, de conclamá-los à dependência e ao descanso no Senhor ante o perigo de serem submetidos às torturas, à execração e à morte! E, se os discípulos que andaram lado a lado com nosso Senhor necessitaram desta lição, oh quanto mais nós também carecemos do mesmo! Em verdade é tão necessária esta abnegação que poderíamos afirmar que a pregação do Evangelho sem ela é impossível: se o Evangelho não for pregado com a sabedoria do alto, ele deixa de ser o Evangelho para se tornar mais uma mera filosofia humana. Cabe meditarmos em algumas palavras do amado Reformador João Calvino:
“Mas devemos trazer a mente que aquilo que Paulo escreveu na Primeira Carta aos Coríntios, a saber, que a pregação do Evangelho é loucura para os homens, que vêem a si mesmos como sábios [1 Coríntios 1:18,23]. Em verdade, desta forma, Deus nos humilha por causa de nossa tolice. Porque há suficiente sabedoria e boa instrução, se nós nos importarmos em atentar para tal, no céu e na terra ao redor de nós; porém nós somos cegos e fechamos nossos olhos para a sabedoria de Deus exibida na natureza. É por isso que Ele abriu para nós um novo caminho para atrair-nos até Ele mesmo – através de algo que reputamos loucura!”
O que Calvino explica aqui é que, uma vez tendo Cristo Jesus, o Filho Eterno de Deus, sendo naturalmente cheio de toda santidade e glória, se tornado maldição por nós e suportado a Ira de Deus e toda a ignomínia para nos Salvar, então parece claro que o caminho que Deus elegeu para a Salvação da humanidade não é um caminho de acordo com o mero raciocínio humano. Há uma razão espiritual que ultrapassa a lógica, seja a lógica helenista ou a lógica de qualquer tradição dos homens, e que é, em si, a vera lógica da qual todas as outras são inúteis e obsoletas sombras. Devemos aprender de Jesus Cristo, nosso sumo-Mestre e único Salvador, dEle que é manso e humilde de coração, devemos aprender dEle e mesmo apreender da mente dEle, para raciocinarmos com a lógica da Cruz, que humilha os homens e exalta a glória e a graça do Deus Altíssimo. Assim, João Calvino prossegue:
“Então, nós não devemos julgar o que temos lido aqui, a respeito de como o Filho de Deus tomou sobre Si a maldição que era nossa; não devemos julgar isto pela razão humana. Em lugar, nós devemos nos deleitar em tal mistério e dar glória a Deus, por ter amado tanto nossas almas ao ponto de redimí-las a tal inestimável custo para Si.”
A sabedoria que vem do alto, o santo e fiel discurso que provém de um coração quebrantado, e a unção e iluminação, ainda que na parca medida – se comparada com o derramar do Espírito sobre os Apóstolos - que nos é entregue, são mais eficazes para os propósitos Divinos do que toda eloqüência, técnica ou ciência de todos os sábios segundo a carne. Nosso Senhor deu aos santos Apóstolos e discípulos uma excepcional e ímpar boca e sabedoria e palavras do Espírito Santo para realizarem Seu propósito; e ainda hoje, por Amor a Seu Nome, o Santo Espírito distribui liberalmente uma especial sabedoria aos homens que O obedecem e buscam a Glória dEle, e nos dá a Sua Palavra escrita, Palavras do Espírito Santo, para que ninguém nos resista ou contradiga, mas para que a Sua Igreja e o Evangelho prosperem sobre a Terra.
Destarte, a partir do que tem sido ensinado nestas últimas edições do Jardim Clonal, continuemos a examinar o texto paralelo dos Evangelhos a respeito do Discurso Profético, sabendo que aquelas coisas que examinamos até agora foram ditas especialmente com respeito a fundação da Igreja Neotestamentária e, em paralelo, a destituição da ordem Veterotestamentária, agora envelhecida e contaminada pelo judaísmo apóstata. Entretanto, ainda que não sejam ditas especialmente a nosso respeito, as palavras deste Sermão de nosso Senhor, tem suma relevância para nós, pois quando Tempos de Apostasia chegam, e a Ira de Deus é derramada com furor, e fomes, guerras e perseguições se acumulam mais ainda do que o normal, encontraremos nestas mesmas palavras, forças, instrução e esperança, para agirmos com sabedoria e suportarmos os tempos maus (sabendo que, como o tempo de provação do primeiro século redundou no progresso do Reino deCristo e foi sucedido por eras mais tranqüilas por algum tempo, da mesma forma o tempo de provação em que Cotton Mather viveu redundou no progresso do Reino de Cristo e foi sucedido por um século de grandes homens como Jonathan Edwards, William Carey, David Livingstone e, apesar de certas ressalvas, seria injusto não citar outros como Whitefield e Rowland).
Até este ponto fica claro que os Apóstolos deveriam ter por certo que seriam perseguidos: antes da Destruição do Templo, antes da plena fundação e revelação da Igreja de Cristo; antes, eles padeceriam perseguições. E não somente isto mas, nas mãos de uma Igreja Apóstata, vendida aos poderes de um Estado pagão, eles seriam levados ante os Conselhos Eclesiásticos e antes as autoridades seculares, para serem ameaçados e tentados a dissuadir da Fé. Nosso Senhor, conhecendo o coração dos seus discípulos, para firmá-los e prepará-los para estes confrontos, lhes dá preciosas orientações a respeito de como eles deveriam agir quando pressionados para tornarem-se Apóstatas. E que grandes confrontos seriam estes! Pois homens simples, pobres percadores das regiões rejeitadas da Palestina, teriam de enfrentar os grandes e poderosos (e, diga-se de passagem: justos aos seus próprios olhos) sobre a Terra, teriam de defender, diante destes tais homens - homens versados em discursos e em políticas - a Verdade do Evangelho. Ora, perante tal quadro, o que fariam os discípulos? A resposta desafia a lógica humana, mas igualmente descansa no mistério de Deus: “Não se preocupem com o que irão falar, não será a sabedoria humana que convencerá a estes homens.”. A salvação ou a condenação das almas pertence somente a Deus [Jonas 2:9], não sujeita-se ao que foi dado aos homens, não está em nosso alcance, ou no poder de nossa sabedoria [1 Coríntios 2:10-13]. Não seria pelo estudo das religiões e visões políticas dos ímpios que os confrontavam que os discípulos alcançariam convencê-los; não seria pelo diálogo intererreligioso, não seria pela retórica e pela pena afiada da lógica humana, nem seria pelos seus sentimentos, nem com terror ou com promessas de toda sorte de bênçãos: não! Bastaria o que o Espírito de Deus lhes desse. E, caso houvesse algum rei ou governante ou concílio a ser convertido pela pregação, assim o seria - e isto segundo a vontade e o poder de Deus. Mas também se houvesse de ser endurecido o coração dos ímpios e punido com açoites, prisão e morte todo aquele que prega a mensagem de Cristo, assim o seria. Nenhum homem alcança a humildade necessária ao Cristão, exceto se extirpado de sua autoconfiança; e que poderosa operação esta a de humilhar os discípulos, de conclamá-los à dependência e ao descanso no Senhor ante o perigo de serem submetidos às torturas, à execração e à morte! E, se os discípulos que andaram lado a lado com nosso Senhor necessitaram desta lição, oh quanto mais nós também carecemos do mesmo! Em verdade é tão necessária esta abnegação que poderíamos afirmar que a pregação do Evangelho sem ela é impossível: se o Evangelho não for pregado com a sabedoria do alto, ele deixa de ser o Evangelho para se tornar mais uma mera filosofia humana. Cabe meditarmos em algumas palavras do amado Reformador João Calvino:
“Mas devemos trazer a mente que aquilo que Paulo escreveu na Primeira Carta aos Coríntios, a saber, que a pregação do Evangelho é loucura para os homens, que vêem a si mesmos como sábios [1 Coríntios 1:18,23]. Em verdade, desta forma, Deus nos humilha por causa de nossa tolice. Porque há suficiente sabedoria e boa instrução, se nós nos importarmos em atentar para tal, no céu e na terra ao redor de nós; porém nós somos cegos e fechamos nossos olhos para a sabedoria de Deus exibida na natureza. É por isso que Ele abriu para nós um novo caminho para atrair-nos até Ele mesmo – através de algo que reputamos loucura!”
O que Calvino explica aqui é que, uma vez tendo Cristo Jesus, o Filho Eterno de Deus, sendo naturalmente cheio de toda santidade e glória, se tornado maldição por nós e suportado a Ira de Deus e toda a ignomínia para nos Salvar, então parece claro que o caminho que Deus elegeu para a Salvação da humanidade não é um caminho de acordo com o mero raciocínio humano. Há uma razão espiritual que ultrapassa a lógica, seja a lógica helenista ou a lógica de qualquer tradição dos homens, e que é, em si, a vera lógica da qual todas as outras são inúteis e obsoletas sombras. Devemos aprender de Jesus Cristo, nosso sumo-Mestre e único Salvador, dEle que é manso e humilde de coração, devemos aprender dEle e mesmo apreender da mente dEle, para raciocinarmos com a lógica da Cruz, que humilha os homens e exalta a glória e a graça do Deus Altíssimo. Assim, João Calvino prossegue:
“Então, nós não devemos julgar o que temos lido aqui, a respeito de como o Filho de Deus tomou sobre Si a maldição que era nossa; não devemos julgar isto pela razão humana. Em lugar, nós devemos nos deleitar em tal mistério e dar glória a Deus, por ter amado tanto nossas almas ao ponto de redimí-las a tal inestimável custo para Si.”
A sabedoria que vem do alto, o santo e fiel discurso que provém de um coração quebrantado, e a unção e iluminação, ainda que na parca medida – se comparada com o derramar do Espírito sobre os Apóstolos - que nos é entregue, são mais eficazes para os propósitos Divinos do que toda eloqüência, técnica ou ciência de todos os sábios segundo a carne. Nosso Senhor deu aos santos Apóstolos e discípulos uma excepcional e ímpar boca e sabedoria e palavras do Espírito Santo para realizarem Seu propósito; e ainda hoje, por Amor a Seu Nome, o Santo Espírito distribui liberalmente uma especial sabedoria aos homens que O obedecem e buscam a Glória dEle, e nos dá a Sua Palavra escrita, Palavras do Espírito Santo, para que ninguém nos resista ou contradiga, mas para que a Sua Igreja e o Evangelho prosperem sobre a Terra.
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