Unicamente Jesus Cristo!

Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunha a seu tempo.
1 Timóteo 2:5-6
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
João 14:6

Há um só Deus e um só mediador, um só caminho que dá a vida e conduz ao Pai. É isto o que o Senhor Jesus Cristo nos diz e, toda a Santa Escritura, inspirada pelo Espírito Santo, testemunha.
Portanto, como Cristãos, como homens que crêem na Escritura, não precisamos e não devemos recorrer ou orar a anjos, sacerdotes, profetas ou aos mortos, sejam tais mortos cristãos da antiguidade ou não.¹ Não precisamos fazer ofertas, oferendas ou promessas.¹ Porque nenhuma dessas coisas é capaz de nos levar diante do Pai, uma vez que ninguém vai ao Pai senão por Cristo. O Apóstolo Paulo nos diz no segundo capítulo da sua Epístola a Timóteo - Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo.¹ Só Jesus Cristo é a porta que leva diante de Deus; só o seu sacrifício nos lava do pecado e nos torna aceitáveis diante do Pai, só a perfeita obediência de Cristo pode, mediante a fé, ser considerada como nossa. E grande é a Graça de Deus Pai em todas estas coisas.
Por isso, ouçam ao Bom Mestre Jesus e creiam: só Ele é o único caminho para nos levar diante do Pai.

O Senhor Jesus Cristo nos basta e deve nos bastar. Somente Ele nos leva diante do Pai e nos faz a paz com Deus. Somente Ele é o desejado das nações. E a Ele devemos nós desejar sobre todas as coisas: Jesus Cristo deve ser o alvo de nosso amor maior!
NEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade, nEle estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento¹ – Ele é o próprio tesouro que recebemos de Deus e a recompensa aos crentes fiéis².

Assim, o próprio Evangelho é Cristo mesmo, pois unicamente Ele é a salvação. NEle estão todas as Boas Novas de Vida e toda a Redenção prometida por Deus desde o Éden². Logo, Ele é tudo o que a Sua fiel igreja precisa anunciar e tudo o que os homens precisam conhecer de Deus.

Não raro as trevas se adensam e forças se levantam contra o verdadeiro Evangelho, o Evangelho que prega somente Jesus Cristo. Então, gerações perversas, como a dos homens de hoje, se enchem de infiéis e de ímpios que amam mais a si mesmos e a seus prazeres que o Evangelho de Deus. Outrora uma geração como a de hoje perverteu o ensino sadio da Igreja e, com sinais e prodígios de mentira e com tradições de homens, conceberam do Anticristo a religião de Roma. Hoje uma nova geração má e adúltera busca sinais e concebe toda sorte de outros Evangelhos. Contudo, seja hoje ou no passado, os filhos das trevas, cegos de entendimento, prosseguem distorcendo o Evangelho para buscar na religião algum ganho para si³, mas, ainda que a religião verdadeira quase desapareça no meio das incontáveis falsificações, ao Cristão que anda por fé, unicamente Jesus Cristo permanecerá sempre sendo toda sua recompensa.

Assim, se há alguma boa-nova vinda de Deus para a humanidade, esta é unicamente Jesus Cristo – Ele é toda a esperança que temos, e a única base de confiança onde os homens podem se firmar. Ele é a revelação da perfeita religião, Ele é o único caminho para o Pai e dEle é o único ensino que conduz o homem à Salvação. Ele não muda, nem se arrepende, antes, em todas as gerações, Jesus Cristo é o bem absoluto. Ele é a luz perfeita a qual não bruxeleia, nem se extingue, nem tem sombra alguma.
Unicamente Jesus Cristo é toda a esperança que a Igreja verdadeira precisa apresentar ao mundo tenebroso e nEle estão todas a armadura e todas as armas para lutar e resistir ante a apostasia. E, unicamente Jesus Cristo é todo o Evangelho que cada Cristão precisa crer e pregar - basta a voz de Cristo para trazer para Si o cansado e pobre pecador.

Chamo, novamente, a atenção do leitor para a geração presente. Em toda parte os homens têm buscado o próprio prazer, e uma felicidade e realização egoístas. Não vemos nas pessoas a realidade do que Cristo ensinou, não vemos nelas o cumprimento do princípio da Lei do Velho Testamento; não vemos nelas um amor ao próximo tão intenso quanto o amor que tem a elas mesmas. Antes, vivem para si mesmos e parecem estar sofrendo com uma sede constante, uma ininterrupta busca, por alguma coisa que seja “nova”, ávidos pelas sensações e vantagens que isto pode lhes oferecer, não importando se essa “novidade” está no âmbito pessoal, se é moralmente correta, se veio de um esforço intelectual e de pesquisa, ou se veio de uma ação ou revelação mística. Essa busca se tornou tão comum que esse sentimento se espraiou até a religião, e os homens passaram a esperar dela um dinamismo semelhante ao das ciências, ou uma atração e oferta de prazer como se oferece pelo marketing ou se obtêm do entretenimento. Porém os homens se esquecem de que a ciência, o mercado e o entretenimento são produtos humanos, carregados dos objetivos comuns humanos, com todo erro e corrupção que surge em toda atividade humana e, por isto, constantemente apresentam “novidades” - afinal seus seguidores, por mais que estejam sempre aprendendo, nunca chegam ao conhecimento da Verdade, e precisam sempre voltar atrás no que declaram – sempre há um “novo e melhor” produto, uma “nova e melhor” filosofia de vida ou uma “nova e melhor” dieta, como sempre há uma “nova e melhor” teoria científica porque, na verdade, o anteriormente anunciado não era tão definitivo, nem tão maravilhoso, quanto parecia no anúncio do jornal.
No entanto, excetuando-se, claro, as falsificações grotescas e mercenárias, a religião, religião verdadeira, é instaurada por Deus, como um encontro existencial com os homens, selada como uma Aliança. A religião não parte dos homens em encontro a Deus, portanto não é feita segundo as vontades humanas, mas vem do Pai Celeste para os homens; assim ela não contêm erros em si mesma, nem necessita da sabedoria humana, ou da aprovação humana, para existir.

A verdadeira religião é a revelação de Deus a respeito:
1)do que Ele planeja e executa para com os homens,
2)da resposta que os homens devem Lhe dar e
3)do modo como tal relacionamento com Deus se reflete na relação dos homens entre si.

Todavia o Santo Apóstolo Pedro, no quinto capítulo de sua primeira Epístola, já nos adverte que o diabo, nosso adversário, anda ao derredor, bramando como um leão, buscando quem puder tragar. E então, a velha natureza maligna do homem, fazendo a vontade do vil tentador, trabalha com labor para, enganosamente, substituir a revelação de Deus como lemos acima por uma mera falsificação. Devemos estar atentos, pois enquanto a ciência e o conhecimento humano progridem negando o que antes anunciavam e seguindo novas tendências sociais e políticas, o melhor progresso que pode ocorrer à religião verdadeira é seguir a mais velha estrada, abster-se da sabedoria humana e afirmar o que afirmava no início - o que Cristo e os Santos Apóstolos nos legaram - e reencontrar o mesmo caminho trilhado há milênios 4. Quando alguém, ensoberbecido em uma geração má e convencido que de suas próprias idéias, busca fazer alterações nesta estrada milenar, tal vil pecador acaba criando trilhas perigosas, nas quais muitos morrem; ele não cria uma estrada melhor.

O Senhor Jesus Cristo, e os próprios Apóstolos, nos contam que as igrejas Cristãs, desde aquela época, são cercadas, invadidas e até desvirtuadas por lobos devoradores – falsos líderes e falsos profetas que não ensinam o puro e simples Evangelho. Tais lobos devoradores, tem aparência de piedade, mas negam sua eficácia. Eles não ensinam ao povo que o Senhor Jesus Cristo basta, que Ele somente é o caminho para o Pai e que nEle temos a Paz com Deus; assim, eles podem manter os homens escravizados, dependentes de falsas orações, penitências, confissões, curas, milagres e revelações que só eles podem dar. Nos nossos dias o liberalismo teológico, o movimento de crescimento de igrejas, a teologia da prosperidade e o pentecostalismo são algumas dessas trilhas perigosas, desvios criados por falsos profetas e mestres enganadores. São igrejas e movimentos que surgiram de repente, fora da estrada histórica da ortodoxia da Igreja. Amado leitor, siga a velha estrada, viva o amor de Cristo na religião que Cristo instituiu, no mesmo ensinamento que Ele deu, na universal assembléia que Ele edifica, na congregação dos homens Santos que O servem, onde a Palavra Escrita que Ele declarou ser infalível é obedecida como a verdadeira lei do espírito e do amor, onde Ele somente é a Salvação e nada mais há que possa dividir com Ele a glória e o louvor que Lhe são próprios ou a lealdade dos crentes5. Peregrine na velha estrada que é o Cristianismo puro, simples e vivo como no livro de Atos dos Apóstolos. Cristianismo Puritano mesmo e, até, separatista, conservador, instruído somente na Palavra Escrita de Deus, como há 2000 anos, destituído de qualquer nova instrução ou de qualquer tradição que julgue ou esteja sobre a Bíblia. Esta foi a doutrina de nossos pais na fé, séculos atrás, esta é a doutrina para a Igreja de Cristo, hoje. E, se você afirma que não o fez porque essa universal assembléia, essa congregação, essa igreja puritana e simples está em um lugar que você desconhece, saiba que Cristo afirma: onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles; e que os que adoram o Pai em espírito e em verdade são, eles mesmos, o templo de Deus e onde eles se reunirem aí estão as pedras vivas de um santuário vivo ao Deus vivo6. Logo, a Igreja de Deus não é sempre visível e evidente, mas está onde houver Cristãos fiéis às Escrituras. Ademais, Deus tem dado mestres, em todos os séculos, para a instrução de seus Filhos, homens cujo ensino é útil e cujos livros podem ser encontrados sem dificuldade – busque e leia alguns textos do primeiro século do Cristianismo, como a carta de Policarpo, discípulo de João, enviada aos Filipenses e a de Mathetes à Diognetus, e os escritos de Irineu de Lyon. Dos séculos seguintes, ininterruptamente em todos os séculos depois, há os que pregam o mesmo que pregamos – o conselho da Escritura; portanto, também há muito que pode instruir para o bem, como algo de Fulgentius, algo de Gottschalk, algo de Bernardo de Cluny, de Savonarola, de John Wyclif e John Huss. Depois do século XV, um cisma profundo, mas necessário, surge na Igreja. Era necessário voltar à velha estrada, pois a ordem político-eclesiástica, e o compromisso com tradições e superstições humanas fizeram com que muitos homens malignos, até mais do que homens regenerados, fossem recebidos como Cristãos e, inclusive, imbuídos de pastorear as ovelhas do Senhor. Como Cristo mesmo edifica e preserva Sua Igreja, a chamada Reforma Protestante floresceu dos botões do Catolicismo Medieval, manteve suas doutrinas gerais, herdou a continuidade histórica, abandonou o que era adicional à Escritura, e resgatou os ensinos Cristãos que a Igreja Católica Romana deteve nos seus porões - como a Soberania de Deus sobre tudo o que há. A Reforma é a herdeira do que havia de puro no Catolicismo Medieval e é a depositária da esperança de todos que deram a própria vida pela restauração da verdadeira Igreja. Desta época de retorno ao fundamento Apostólico, grandes mestres poderão te instruir na verdade, como Lutero, Zwinglio, Farel, João Calvino, John Knox, John Owen, Richard Baxter.

Atenta ao que afirmamos, aprenda com estes mestres, submeta tudo o que ler às Escrituras, esforce-se em oração e vida reta diante do Senhor e dê graças a Deus, pois se sua vida é cheia de bons frutos em Cristo, cheia de verdadeira piedade e amor, cheia do Espírito de Deus, então Ele te tem inscrito no hall dos Seus Santos; e você terá, mediante a fé nEle, pela graça do Pai, adentrado esta universal e eterna Assembléia dos que serão recebidos nos céus por nosso Senhor. Confesse conosco a suficiência da Palavra, que é a suficiência de Cristo, e rejeite todo o ensino que diz ser necessário ao Cristão algo mais do que a Fé em Cristo para Salvação; odeie aqueles que alegam que algo que Cristo instituiu deve ser revisto, ou melhorado, ou complementado, seja por “métodos mais modernos”, por “novas relevações”, ou por rituais quaisquer, assim como tudo o que homens ímpios e apóstatas clamarem, com o intuito de, falsamente diminuir a eficácia ou o poder do que Cristo proclama e declara e aumentar a própria glória em detrimento da glória da Cruz.
Fixe seu olhar no mesmo Evangelho de séculos atrás, de todos os séculos, contando com a inimizade do mundo contudo, sabendo que por mais que o mar da apostasia, com suas ondas largas e suas espumas sujas se eleve - como costumeiramente se elevou na história -, a Fé dos Apóstolos, a Verdade das Escrituras, permanecerá. Ainda que tenhamos nos aprofundado - e nos aprofundaremos - no conhecimento, segundo a maturidade da Igreja de Cristo, por estes séculos de existência, esse aprofundamento nunca ultrapassa o limite do que foi revelado, e pode ser apurado, desde o início, segundo o testemunho das Escrituras 7.

Por isso, não se envergonhe de declarar que apenas a Verdade de Cristo é Eterna. Precisamos unicamente de Jesus Cristo para termos paz com Deus e para vermos, tantos quantos Deus tem ordenado para a vida eterna, se arrependerem e responderem com fé ao anúncio do Evangelho.

A verdadeira religião está unicamente em Jesus Cristo, na glória da Cruz do Calvário, segundo a Escritura nos ensina, pois Jesus Cristo é único e suficiente Senhor, Ele é o Rei do Universo que deu a si mesmo na Cruz pelos pecadores que nEle crêem – Ele os amou e os atraiu de modo que também O amam; Ele os achou e comprou por preço de sangue – como um negociante que busca boas pérolas eles, O tendo encontrado, aborrecem tudo o que têm para ser com Ele no Reino dos Céus – como quem encontra um tesouro no campo e vende tudo o que tem para comprar o campo. Seguí-lO, é viver a única religião aceitável diante de Deus, e exige total renúncia, exige que abandone-se o erro, seus pecados, seus costumes e hábitos, suas filosofias, sua religião humana ou qualquer outro ídolo que possa dividir sua lealdade com o Mestre – é preciso tomar sua cruz ao seguí-lO. “Ninguém pode servir a dois senhores”, diz o Cristo, Ele é o único Senhor, o único mediador entre Deus e homens, e o único modo de serví-lO é desistindo de tudo o mais que domina sua alma. Ou você O serve assim, em humildade e entrega total, ou você se vai, apegado ao que você considera como sua riqueza, e sofre a morte eterna, por não tê-lO.

Ouçamos a voz de Cristo a chamar. Se somos ovelhas de Seu pasto reconheceremos Sua voz no autêntico Evangelho, Ele nos chamará pelo nosso nome e O seguiremos para fora de toda iniqüidade e apostasia 6. Ele é o único que pode nos chamar para habitar com Deus e andar na Sua presença – o único caminho até o Pai. Ele é o único mediador entre Deus e os homens, o único sacerdote que pode elevar nossas orações à sala do Trono do Santo e Justo Rei para suplicarmos por nossas almas.
Porque somente Ele, sendo Santo e Justo, se entregou para morte, morte de maldita Cruz, para com Seu sangue pagar o preço que nós devíamos a Deus, por causa de nossa incessante maldade natural – os nossos pecados.
Somente Jesus Cristo fez a paz com Deus, tomando para si a ira que era destinada a nós. Somente Jesus Cristo é a Palavra de Deus, Aquele que cumpriu toda a Lei dos judeus e todas as suas profecias, tanto quanto cumpriu toda a eventual sabedoria e os vislumbres intuitivos dos gentios e pagãos.

Toda novidade, toda ciência, toda profecia, todo ritualismo vão, todo misticismo, toda apostasia e tudo o mais passará e se desfará como uma nuvem, mas a Verdade do Evangelho prevalecerá 7.
Para todo Cristão, “Unicamente Jesus Cristo” há de o ser único motivo de sua corrida e o único assunto de sua pregação, assim como “Unicamente Jesus Cristo” é o único tema no qual a Igreja Congregacional Kalleyana (da qual fazemos parte) pela Graça se fixará, e este jornal, o qual produzimos, pela Graça falará. Se, algum dia, este nosso tema não for mais este, então o julgamento de Deus sobre nós já estará lançado, porque quando a Palavra é removida do púlpito, a mão de Deus, nisto mesmo, já trouxe a condenação de entregar os homens à mentira. Atentemos, “Unicamente Jesus Cristo” é o único tema de tudo o que temos de ensinar em nossa escola bíblica, de tudo o que temos de proclamar em nossa pregação, de toda a vida da igreja e o único tema de nossas próprias vidas. E nada mais queremos, nem devemos querer. E, pela Graça que nos foi dada, no maravilhoso poder que o Senhor tem para conservar os que são Seus, confiamos que nada mais teremos. Pois “Unicamente Jesus Cristo”, hoje e sempre, será a recompensa de todo crente fiel: estar com Ele onde estiver, contemplar Sua glória, que é a glória do Pai, ser como Ele quando virmos como Ele o é.

Ouça o que Cristo nos tem dito e responda sinceramente, sonde seu coração e se apresente diante do Senhor em oração. Só Ele pode, por Graça, nos livrar do mar de lama e aflição no qual está aprisionado todo homem que está longe do Deus Vivo. Aplique esta preciosa e libertadora Verdade à sua mente, confie somente em Cristo Jesus para sua Salvação.

Sim, faça isto e responda ao Senhor que conhece toda a verdade e jamais pode ser enganado por máscaras e hipocrisia, responda-Lhe:
Você tem plena certeza de que é Salvo? E de que a qualquer momento, em qualquer dia, você morrerá e estará ainda naquele mesmo dia ao lado de Cristo no Paraíso?
Todo aquele que deposita sua confiança em Cristo e em Cristo somente sabe que está Salvo e que jamais se perderá. Ele sabe disto porque confia na obra de Cristo, tanto na retidão do Senhor quanto no sacrifício que Ele fez tomando sobre Si nossos pecados. Como o verdadeiro Cristão confia na obra de Cristo e não confia em nada que haja em si mesmo, ele não duvida de sua salvação, nem tem medo de perdê-la, porque sabe que o Sangue derramado em seu favor é poderoso para purificá-lo totalmente e conservá-lo até o fim, e precioso demais para ser desperdiçado por alguém que Deus sabe que não estaria com Ele até o fim. Não confie em sua boa disposição, não confie em sua religiosidade, não confie em sua retidão – nada disso te fará aceitável diante de Deus; na verdade a confiança em qualquer destas coisas só te porá em maior inimizade com Ele. Somente Jesus Cristo é o caminho que leva ao Pai.


Você tem verdadeira paz e alegria em Cristo, você conhece a Verdade que Deus deu aos homens? Será que Cristo é tudo para você? Ou você crê que a sua igreja, denominação ou suas boas obras são o que podem te levar ao Céu?
Cuidado, o coração humano é enganoso e facilmente confia na mentirosa sabedoria dos homens; muitos confiam em rituais e cerimônias sem significação, ou em sua filiação a algum grupo religioso e na sua dedicação a tal grupo; outros confiam em algum tipo de experiência mística, sobrenatural ou subjetiva para garantir-lhes que são bem vistos pelo Senhor, ou em algum conhecimento secreto para salvá-los e levá-los a Deus. Não pense você que Deus vê algo de justo em ti só porque se abstém de algum alimento, de alguma bebida, não freqüenta certos lugares, guarda certos dias festivos ou sábados ou “não é como os demais”; ainda menos Deus vê justiça em você por causa dos sofrimentos, castigos e provas que você se impõe para ganhar o Seu favor – a Ira de Deus está sobre os que acrescentam mandamentos que Ele não deu, sobre os que tornam seus justos mandamentos em opressões e pesados jugos e sobre os que dividem a Sua Glória com as coisas por Ele criadas 8.

Você é um seguidor de ensinamentos “novos e melhores”, um adulador da sabedoria humana, julgando que o Evangelho se torna menos efetivo, se for desprovido da psicologia, do marketing ou da aprovação das ciências?
Cuidado, pois afirmar isto é afirmar que o Espírito Santo de Deus é ineficaz, que o próprio Deus precisa da ajuda para converter os pecadores dos seus maus caminhos. Sendo assim, na verdade, menos do que onipotente, menos do que onisciente e muito menos do que Soberano do Universo.
Não pense que Deus é seu igual, que Ele mente e erra como você; não pense que a Bíblia é só um livro que deve ser corrigido pelas mais recentes visões sociais, culturais e científicas; e que Cristo foi só um mestre dentre muitos outros – este é um erro que perverte sua própria mente, te afunda na escravidão dos seus pecados e que te confirmará a culpa de não dar a Deus a glória que lhe é devida. Como disse Cristo, que é o resplendor da glória do Pai: “quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” 9

Você já presenciou o que acontece quando algo além de “Unicamente Jesus Cristo” é ensinado , pregado, crido ou praticado? Já viu a falta de amor e comunhão, a falta de fé e de paz com Deus que isto causa? Você já percebeu que isto é um “outro evangelho”, que não é bíblico, que é cheio de contendas, invejas e disputas, além de outros escândalos de todo tipo? Você já viu, inclusive, que pessoas pervertem a verdade Eterna adicionando exigências diversas para terem causa própria de ganho?
Cuidado, uma religião que assim se expressa, está ensinando a buscar algo além de Cristo. Tal é a religião que instrui a depender de seus próprios méritos, de suas obras de caridade, para chegar a Deus – ignoram que, Cristo mesmo, quando os discípulos perguntavam “Então quem pode ser salvo?”, respondeu “para os homens é impossível” e que o Profeta Isaías afirma “todas as nossas justiças são como o trapo da imundície”; tal é a religião que instrui que exorcismos, romarias, rezas, preces aos mortos, contribuições financeiras ou obediência cega são necessários, ou até ensinar que, além de Cristo, o Evangelho inclui como prêmio prosperidade financeira ou saúde constantes. Tais ensinos não pertencem à religião verdadeira; os que assim instruem pregam um “outro Cristo”, um cristo falso, fraco, que não é suficiente para acalmar a tempestade do coração dos seus discípulos – os tais põem um fardo pesado sobre seus seguidores, fazendo-os duas vezes mais filhos do inferno - sobre tais virá a Ira de Deus. 10

Tendo-se questionado sobre todas estas coisas, tendo refletido e buscado sinceramente em sua alma por todas elas, busque ao Senhor e ofereça a Ele a única coisa que realmente é sua: seus pecados. Abandone-os aos pés da Cruz, e receba dEle a Sua retidão e Seu Sacrifício. Arrependa-se de todo o seu mal e submeta a sua vida unicamente a Jesus Cristo!

Sugestão de leitura e meditação:
Evangelho de João, Capítulo 3 – versículos 1 até 21; Epístola de Paulo aos Romanos Capítulo 4 e 5; Epístola de Paulo aos Efésios Capítulo 2; Epístola Universal de Tiago Capítulo 1; Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios Capítulo 13; Primeira Epístola de Paulo a Timóteo Cap. 1 – versículos 3 a 7; Primeira Epístola de Paulo a Timóteo Cap.– versículos 1 a 7; Primeira Epístola de Paulo a Timóteo Cap. 3 – vers. 14 a 16

Algumas Referências Bíblicas do texto:
1- 1 Timóteo Capítulo 2 versículo 5; Colossenses Capítulo 2 e 3 especialmente versículos 9 à 23 do cap.2 e 1 à 7 2- Mateus Capítulo 13 versículo 44; Apocalipse Capítulo 1 versículos 10 e 11, 17, 28, Capítulo 2 versículos 5, 12 e 21; Gênesis Capítulo 3 versículo 15 3- Mateus Capítulo 12 versículo 39, Capítulo 16 versículo 4 e João 6 versículo 26 4- Jeremias Capítulo 6 versículo 16 5- Mateus Capítulo 7 versículo 15, 2 Timóteo Capítulo 3 versículo 5, Hebreus Capítulo 12 versículo 23, Isaías Capítulo 34 versículo 16, João Capítulo 10 versículo 35 6- Atos Capítulo 2 versículos 42 à 47, Mateus Capítulo 18 versículo 20, 1 Pedro Capítulo 2 versículo 5, 1 Coríntios Capítulo 6 versículo 9, João Capítulo 4 versículo 24, João Capítulo 10 versículo 4 7- Mateus Capítulo 5 versículos 17 e 18, Capítulo 16 versículo 18, Coríntios Capítulo 4 versículo 6, João Capítulo 5 versículo 39


Referências Bibliográficas: C.H.Spurgeon, John MacArthur, Horatius Bonar, A.W.Pink, dentre outros.

Uma Troca Constante de Credo é um Prejuízo Seguro

por Charles Spurgeon

É uma ótima coisa começarmos nossa vida cristã crendo em boa e sólida doutrina. Algumas pessoas recebem tantos ''evangelhos'' diferentes ao longo de suas vidas que é difícil prever quantos mais receberão até o fim de suas jornadas.
Eu dou graças a Deus por Ele ter me ensinado o Evangelho de uma só vez, e eu tenho estado tão satisfeito com ele que não quero conhecer nenhum ''outro.''
Uma Troca Constante de Credo é um Prejuízo Seguro
Quando mudamos constantemente nossos princípios doutrinais, tornamo-nos inaptos a trazer muitos frutos para glória de Deus. É bom que os novos crentes comecem agarrando-se firmemente àquelas grandes doutrinas fundamentais que o Senhor nos tem ensinado em sua Palavra. Se eu cresse no que alguns pregam sobre uma salvação temporal e de pouco valor, que somente permanece por um tempo, dificilmente eu seria totalmente agradecido a Ele; mas, ao saber que aqueles que Ele salvou, ele os salvou com uma salvação eterna, ao saber que ele os deu uma justiça eterna, ao saber que Ele os assentou em um fundamento eterno de amor infindo, e que Ele nos levará a Seu Reino eterno. Oh! Logo me maravilho e me assombro de que tal benção tenha sido dada a mim!
Suponho que haja algumas pessoas cujos pensamentos se inclinam naturalmente à doutrina do livre-arbítrio. Eu somente posso dizer que os meus se inclinam mui naturalmente às doutrinas da graça soberana.

Às vezes vejo os piores tipos na rua, e sinto como se o meu coração fosse transbordar de lágrimas de gratidão por Deus nunca ter me deixado agir como eles têm agido! Tenho pensado, se Deus me tivesse deixado só, e não houvesse me tocado com sua graça, que grande pecador eu teria sido! Eu sinto que eu teria sido o rei dos pecadores, se Deus tivesse me deixado só. Eu não posso compreender porque eu sou salvo a não ser pelo fundamento de que Deus assim o quis. Eu não posso, por mais seriamente que busque, descobrir qualquer razão em mim mesmo para ser um participante da graça de Deus. Se neste momento eu não estou sem Cristo, é tão somente porque Cristo me quer com Ele, e Sua vontade é que eu esteja com Ele onde quer que ele esteja e que eu participe de sua glória.
Eu não comecei minha vida espiritual - não! Antes dava patadas, e lutava contra as coisas do Espírito(...) havia um ódio natural em minha alma contra tudo o que é bom e santo. As advertências eram jogadas ao vento, quanto ao sussurro do Seu amor, eram rejeitados como sendo menos que nada e vaidade. Mas, agora estou seguro e posso dizer: ''Somente Ele é a minha salvação.'' Foi ele quem transformou o meu coração e dobrou os meus joelhos diante d 'Ele.
Uma noite por semana, sentado na casa de Deus, não estava prestando muita atenção à pregação porque eu não cria. Um pensamento entretanto me impressionou: Como eu vim a ser um cristão? Eu busquei ao Senhor. Mas ? Como eu vim buscar ao Senhor? A verdade relampejou através de minha mente em um momento. Eu não o teria buscado sem que uma influência prévia em meu pensamento não tivesse me levado a isso. Eu orei ? pensei ? mas logo me perguntei ? como vim a orar? Fui induzido a orar pelas Escrituras, mas como eu vim a ler as Escrituras? Sim, eu as li, mas o que me levou a fazê-lo? Logo vi que Deus estava por trás disso e que Ele era o autor da minha fé! (...) Hoje desejo fazer minha imutável confissão ? ''Eu atribuo minha transformação inteiramente à Deus'!''

Uma vez assisti a um pregador arminiano e Ele dizia: ''(...) não necessitamos que alguma inteligência superior, ou que um ser poderoso escolha por nós entre o céu e o inferno, nos tem sido dado meios e sabedoria suficiente para que julguemos por nós mesmos.'' ? e portanto como ele logicamente infere, não há nenhuma necessidade que Jesus ou qualquer outro faça uma escolha por nós. Isso é deixado ao nosso livre-arbítrio, podemos escolher a nossa herança sem nenhuma assistência. Ah!, pensava eu, ''mas, meu bom irmão, poderá ser muito certo que possamos, mas penso que precisamos de algo mais além do sentido comum antes possamos escolher acertadamente''.
Primeiramente deixe-me perguntar ? não temos todos nós que admitir uma providência soberana e a mão de Deus, quanto aos meios pelos quais entramos neste mundo? Àqueles que pensam que depois somos deixados a nosso próprio livre-arbítrio para escolher isto ou aquilo ao dirigirmos nossos passos, têm que admitir que a nossa entrada neste mundo não era de nossa própria vontade, mas sim que Deus teve que escolher por nós. Tínhamos qualquer coisa a ver com isso? (...) Não foi Deus mesmo quem determinou quem seriam nossos pais e onde nasceríamos? (...) Não poderia Ele ter me feito nascer num lar pagão onde teriam me ensinado a prostrar-me diante de falsos deuses, tão facilmente quanto como dar-me uma mãe piedosa, que cada manhã e noite dobrasse os seus joelhos e orasse em meu favor, ou não poderia Ele, se assim o quisesse ter me dado um pai libertino, de cujos lábios desde cedo eu tivesse ouvido palavras obscenas, sujas e terríveis (...) Não foi graças a providência de Deus que tenho uma sorte tão feliz, que meus pais eram Seus filhos, e trataram de criar-me no temor do Senhor?
(...) Muito antes de a luz relampejar pelo céu, Deus amou suas criaturas escolhidas. Antes que houvesse um só ser criado. (...) quando nem mesmo o espaço existia, quando não havia nada senão somente Deus ? ainda então ? nesta solidão divina, em meio ao silêncio profundo, Suas entranhas se moviam com amor para Seus eleitos. Seus nomes eram escritos em Seu coração (...) Jesus amava o Seu povo desde antes da fundação do mundo ? ainda desde a eternidade! E, quando Ele me chamou pela Sua graça, Ele me disse ? ''Com amor eterno te tenho amado; portanto te suportei com misericórdia.''

Desde a plenitude dos tempos, ele me comprou com o Seu sangue; Ele deixou Seu coração escorrer em uma ferida aberta e profunda por mim muito antes que eu O amasse. Quando Ele tocou na porta e pediu entrada, não O deixei do lado de fora e fiz pouco com a Sua graça? Eu freqüentemente agi assim até que por fim, pelo poder de Sua graça eficaz, Ele disse: ''Eu devo! Eu entrarei! '' e então Ele tomou o meu coração e fez com que eu O amasse. Mas ainda assim eu teria resistido se não fosse o poder de Sua graça eficaz. Bem, já que Ele me comprou quando eu estava morto em delitos e pecados não é lógico o fato de que Ele me havia amado primeiro? Morreu meu Salvador porque eu cria n'Ele? Não, porque até então eu não existia (...). Portanto ? podia o Salvador ter morrido por quem tinha fé mesmo antes de haver nascido? Poderia isso ser possível? Poderia ter sido essa a origem do amor de Deus por mim? Ah! não! meu Salvador morreu por mim muito antes que eu cresse. Mas ? diria alguém ? Ele previu que tu terias fé; e portanto te amou. Que foi que ele previu da minha fé? Previu que eu haveria de ter fé de mim mesmo? Não, Cristo não poderia ter previsto isso, porque nenhum cristão, em tempo algum ousaria dizer que a sua fé vem de si mesmo sem o dom e a obra do Espírito Santo. Ninguém pode dizer: ''Eu vim a Deus sem a ajuda do Espírito Santo''
(...) Quando Deus entra em um pacto com um homem pecador, ele (isto é, o homem) é uma criatura tão ofensiva, que isso tem de ser feito através de um ato de pura graça soberana, rica e livre. Quando o Senhor entrou em um pacto comigo, eu tenho certeza que foi totalmente pela graça, nada além da Sua graça. Quando lembro como e quem eu era, quão obstinado e irregenerado era o meu caráter quão rebelde era contra a soberania de Deus, sempre me sento no lugar mais humilde na casa de meu Pai, e, quando entrar no Céu, serei o menor dos santos, e entrarei como o primeiro dos pecadores. >>

(...) ''Somente Ele é a rocha da minha salvação'' - Diga-me qualquer coisa contrária à esta verdade, e será uma heresia. (...) Qual é a heresia de Roma (Igreja Católica Romana) senão a adição de algo mais aos méritos perfeitos de Cristo, trazendo as obras da carne para auxiliar em nossa justificação? E qual é a heresia do Arminianismo, senão a adição de algo mais à obra do Redentor? (...) Eu tenho minha própria opinião de que não há como pregarmos à Cristo e este crucificado se não pregarmos o que hoje chamamos de Calvinismo. (...) O Calvinismo é o Evangelho e nada mais. Eu não creio que podemos pregar o Evangelho, se não pregarmos a justificação pela fé, sem obras, nem tampouco se não exaltarmos o amor triunfante, eterno e imutável de Deus; muito menos se não o basearmos na redenção particular e especial de seu povo eleito que Cristo salvou sobre a cruz; nem posso compreender um Evangelho que permite aos santos perderem-se depois de haverem sido chamados, e que permite aos filhos de Deus serem consumidos no fogo do inferno depois de haverem crido em Cristo. Tal ''evangelho'' eu abomino. >>
(...) Se um só dentre os santos de Deus houvesse se perdido, então todos poderiam perder-se também, e então não há nenhuma promessa verdadeira no Evangelho e a Bíblia é uma mentira e não há nada digno de confiança nela. Se Deus uma vez me amou, então Ele me amará para sempre! (...) Isso será feito ? Ele diz ? Este é o meu propósito (...) e está firme, nem a terra, nem o inferno podem alterar. "'Este é o meu decreto. Nada pode alterá-lo nem anjos, nem demônios, haja o que houver" ? o Seu decreto permanecerá para sempre! Ele é Todo-Poderoso e, portanto pode cumprir toda a Sua vontade.
Nós, meros homens, insetos rastejantes, poderíamos mudar nossos planos, mas Ele nunca! Nunca mudará os Seus. Se Ele me tem dito que o Seu plano é salvar-me então eu sou salvo para sempre! Eu não sei como algumas pessoas que crêem que um cristão pode cair da graça, pretendem ser felizes. Deve haver algo muito recomendável neles para que passem um só dia sem desesperar-se. Se eu não cresse na doutrina da perseverança dos santos, eu seria o mais miserável dos homens, porque sentiria a falta de um fundamento de conforto. (...) Eu creio que o mais feliz e verdadeiro dos cristãos é aquele que nunca se atreve de duvidar de Deus, que toma a sua Palavra simplesmente como está e crê, e não faz questionamento algum, estando certo de que se Deus prometeu assim Ele fará.

(...) Todos os propósitos dos homens têm sido derrotados, mas não os propósitos de Deus. As promessas dos homens podem ser quebradas, mas não as promessas de Deus. Ele é um fazedor de promessas, mas nunca foi um quebrador de promessas; Ele é um Deus fiel às Suas promessas e cada um do Seu povo provará que é assim. (...) Perdido, indigno e arruinado que sou, contudo Ele me salvará!
Eu sei que há alguns que pensam que é necessário aos seus sistemas teológicos pôr algum limite aos méritos do sangue de Jesus. No entanto, se o meu sistema teológico necessita de tais limites então eu devo jogar ele ao vento. Não posso e não me atrevo a permitir que um pensamento assim ache pousada em minha mente(...) Na obra cumprida de Cristo vejo um oceano de mérito; minha mão não alcança nenhum fundo, meus olhos não vêem nenhuma margem.(...) Tendo uma Pessoa Divina como oferta não é consistente conceber um valor limitado, limites e medidas são termos inaplicáveis ao sacrifício divino.
(...) Eu creio que haverá mais pessoas no Céu do que no inferno. Se alguém me perguntar por que penso assim, responderei: porque Cristo em tudo há de ter o primado, e eu não posso conceber como Ele pode ter o primado se houver mais pessoas nos domínios de Satanás do que no Paraíso. Além do mais, eu nunca li que há de haver uma grande multidão, que ninguém pode contar, no inferno. Regozijo-me em saber que as almas das criancinhas logo após morrer, se apressam em seu caminho ao Céu! Imagine a multidão deles!! Logo, já há no Céu milhares sem número dos espíritos de homens justos aperfeiçoados ? redimidos de todas as nações, linhagens, povos e línguas até esta hora; e há de vir melhores tempos, quando a religião de Cristo for universal; quando Ele reinar de pólo a pólo com império ilimitado.
Algumas pessoas amam a doutrina da expiação universal porque eles dizem: é tão bela, tão formosa, é tão bom saber que Cristo morreu por todos os homens.'' Admito que há algo de belo nesta doutrina, mas a beleza muitas vezes pode ser associada com a falsidade. Vou ensinar o que essa suposição envolve: Se Cristo na cruz teve a intenção de salvar a cada pessoa, sem exceção ? então Ele intentou salvar aqueles que já haviam se perdido antes que Ele morresse. Se esta doutrina é verdadeira ? que Ele morreu por todos os homens, então Ele morreu por alguns que estavam no inferno antes que Ele viesse ao mundo. Porque sem dúvida havia milhares que haviam sido reprovados por causa de seus pecados. Se foi mesmo a intenção de Cristo salvar todos os homens, como Ele foi deploravelmente frustrado, porque temos Seu próprio testemunho acerca do lago de fogo e neste lago tem sido lançados ? segundo a teoria da redenção ilimitada (ou universal) pessoas que foram compradas pelo seu sangue. Essa é uma concepção mil vezes mais odiosa e repulsiva do que qualquer conseqüência que associam à doutrina cristã e calvinista da expiação limitada ou particular.

Que Cristo ofereceu uma expiação e satisfação pelos pecados de todos os homens, e que depois alguns desses mesmos homens hão de ser castigados pelos pecados que Cristo já havia expiado, parece ser a mais monstruosa de todas as iniqüidades que poderia ser imputada às deidades mais pagãs e diabólicas. Deus não nos permita de pensarmos assim d'Ele.
Não há entre todas as pessoas vivas neste mundo alguém que se detém mais às doutrinas da graça do que eu, confesso também que desejo ser chamado apenas cristão e que quanto ao fato de ser chamado calvinista, declaro que sustento todas as principais doutrinas defendidas por João Calvino e me regozijo de confessá-las. Entretanto longe de mim imaginar que Sião não tem mais do que cristãos calvinistas dentro de suas paredes, e que não há ninguém salvo que não exponha ou sustente nossos pontos de vista. Eu creio que muitos homens que não podem ver estar verdades ou pelo menos não as podem ver da maneira que nós as apresentamos, mas que tem recebido a Cristo como seu Salvador, são tão amados de Deus quanto qualquer calvinista dentro ou fora do céu. Por exemplo, temos John Wesley, o "'Príncipe dos arminianos". Ele viveu muito acima do nível ordinário dos "cristãos comuns", e era um "dos quais o mundo não era digno".
Que o Senhor predestina e todavia o homem é responsável são dois fatos que poucos podem ver claramente. São tidos por inconsistentes e contraditórios; no entanto, essas são duas verdades que se convergem e se encontrarão em alguma parte na eternidade, junto ao trono de Deus de onde procede toda a verdade.
Freqüentemente é dito que as doutrinas que cremos têm uma tendência a levar-nos ao pecado. Não sei quem tem a audácia e o atrevimento de fazer tal afirmação tendo em vista o fato de que os mais santos homens que já existiram criam nelas. Quem se atreve a dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa o que ele pensa do caráter de Agostinho, Whitefield, Calvino os quais foram os grandes expositores destas verdades; o que dirá dos puritanos? Se um homem houvesse sido um arminiano nesta época Ele teria sido reputado como o pior dos hereges, mas agora nós somos vistos como hereges e eles como ortodoxos. Nós temos regressado à antiga escola, podemos trazer nossa descendência até os apóstolos (...) podemos correr uma linha de ouro até Jesus Cristo passando por uma lista de poderosos pais, os quais todos sustentavam estas gloriosas verdades. Pergunto: ''Onde acharemos homens melhores e mais santos?'' (...) Nada faz um homem mais virtuoso do que uma fé na verdade. Uma doutrina mentirosa levará a uma prática mentirosa. Ninguém pode ter uma fé errônea sem daqui a pouco ter uma vida errônea também; eu creio que uma coisa naturalmente leva à outra. De todos os homens, aqueles que têm uma piedade desinteressada, uma reverência mais sublime, uma devoção mui ardente, são os que crêem que são salvos pela graça, sem as obras, mediante a fé, e que isso não vem deles mesmos, mas é dom de Deus.


Texto traduzido, adaptado e resumido por Marcos Siqueira.
Autor: Pr Charles Haddon SpurgeonExtraído de: Spurgeon´s Sermons

Fonte:
www.PalavraPrudente.com.br

Onde Estão os Reformadores?

Por Geoffrey Thomas

É muito difícil não estar preocupado a respeito do estado das igrejas evangélicas hoje. Não é nem tanto pela abundância de erros; isto já é sério o suficiente. Mas, o que é tão sério quanto isto e mais preocupante é que o espírito de reforma nos deixou. Onde estão os reformadores? Em vão nós procuramos por eles. A ausência deles é uma das maiores evidências do fato de que nós vivemos em dias de declínio espiritual.
Como é que vamos reconhecer um verdadeiro reformador? Não será por causa de algum "plano de reforma" que ele irá publicar. Nenhum verdadeiro reformador das gerações passadas jamais anunciou algum "programa", "estratégia", ou "década de reforma". Cada um simplesmente foi fiel às Escrituras e através da sua fidelidade a Reforma veio. Quando Lutero afixou as suas 95 teses na porta da igreja ele não sabia que estava preparando o caminho para a Reforma. Ele estava simplesmente sendo fiel às Escrituras. Quando William Tyndale decidiu traduzir a Bíblia para o inglês, a qualquer custo, ele não estava ciente de que estava preparando o fundamento para o nascimento do Puritanismo na Inglaterra. Quando Thomas Chalmers lutou contra o modernismo e contra o patrocínio de ministros e exigia o direito da congregação escolher o seu próprio ministro e a resistir os líderes que fossem forçados a assumir o púlpito, e quando ele protestou contra todas as tentativas do Parlamento ou dos Tribunais de inferência nos assuntos espirituais ou eclesiásticos, ele não sabia que isto iria resultar no chamado hoje de
Disruption (Ruptura).
Estes reformadores da igreja estavam apenas imitando o exemplo do próprio Salvador, que simplesmente pregava de maneira fiel às Escrituras. Jesus apontou os erros da igreja nos seus dias, e foi rejeitado por causa da sua fidelidade. É assim que sempre será aqui na terra. A reforma não requer conferências especiais, especialistas caros, muito investimento em propaganda; na verdade, se qualquer pessoa que poderia vir a ser um reformador passasse a gastar tempo e investir nestes planos, eles não estariam mais agindo no espírito da reforma e seriam julgados por isso.
Quando pensamos a respeito do trabalho dos reformadores da igreja, jamais devemos olhar para as pessoas apenas. O livro escrito por Lucas deveria ser conhecido como "Os Atos de Cristo Ressurreto", ao invés de Atos dos Apóstolos. A Reforma da Igreja sempre é um trabalho soberano do Senhor. Qualquer reforma que realmente mereça este nome é inteiramente o trabalho de Deus e não o fruto de uma ação ou pessoa qualquer.
A Bíblia nos diz que "O Espírito do Senhor revestiu Gideão" em Jz.6:34. Isto não quer dizer que Gideão se ergueu imediatamente e entrou em ação, que ele de súbito jogou fora a preguiça e a sensação de derrota, e que o desejo de batalha o encheu, fazendo com que ele pegasse nas armas para lutar. Se isto fosse verdade, nós não estaríamos lendo a história dos Atos de Gideão, mesmo se o Espírito tivesse dado o primeiro impulso ou a primeira fagulha de ação. O que nós lemos é que "O Espírito do Senhor REVESTIU a Gideão". Estas belas palavras significam literalmente que o Espírito do Senhor revestiu a Gideão. Esta é a palavra usada quando o homem coloca sua roupa de trabalho para ir trabalhar. O soldador protege o seu rosto da solda, se reveste com óculos de proteção, o ferreiro coloca o seu avental de couro, revestindo o seu corpo de proteção, o piloto coloca sua jaqueta de vôo e está pronto para ir trabalhar. Mas ninguém é tão ingênuo que possa pensar que a roupa é quem capacita para o trabalho, mas sim, o trabalhador revestido, é quem faz o trabalho. A Bíblia nos diz que o Espírito do Senhor revestiu Gideão, e este autor compreende que naquele momento, Gideão era para o Espírito o que o avental de couro é para o ferreiro. Gideão é apenas a roupa de trabalho - quem faz o trabalho é o Espírito de Deus. Então quem estava entrando em ação para libertar o povo e elevar o padrão? Era o Espírito Santo!! O Senhor se levanta para a batalha. O livro de Juizes não é um conjunto de estórias de grandes feitos de algumas pessoas exemplares; é o resultado dos poderosos feitos de Jeová. Olhe a vida subseqüente de Gideão e irá encontrar um homem que cai. O que ele fez foi unicamente por intermédio de Deus, em um período de reavivamento.

Se a Reforma da Igreja não for vista desta maneira, nós ficaremos tão atarefados, estudando fatos e pessoas que participaram de eventos no passado. Sempre que existe um declínio na igreja e a acomodação domina, algumas pessoas ficam preocupadas e começam a reclamar do que está acontecendo. Eles dizem, "Sim, temos uma doença aqui, mas você não vai desertar da sua mãe doente!" Estas pessoas dão uma aparência de responsabilidade e gentileza, mas o diagnóstico delas está errado. As igrejas em declínio não são mães doentes; elas são médicos ruins dando veneno às mães e pais e crianças que foram colocadas sob os seus cuidados.
Também existiram pastores preocupados, trabalhando nas igrejas durante o tempo da Reforma. Este foi o caso, por exemplo, no País de Gales. Uns 200 anos foram necessários para que as verdades da Bíblia fossem aceitas pela maioria dos cristãos daquele principado. Como se explica isso? Era porque muitos pastores diziam às suas congregações que estavam preocupados com o estado da igreja, até falavam das mensagens da Bíblia, mas não entravam em ação. Eles acalmavam o povo com expressões de preocupação, mas a igreja local permanecia exatamente onde estava. Não foi transformada aquela comunidade até que a Palavra foi vigorosamente aplicada na vida daquele povo, e assim, dois séculos mais tarde eles passaram a viver e praticar o que o Novo Testamento ensinava. A oportunidade foi perdida na época, e só foi aproveitada 4 ou 5 gerações mais tarde.
Isto é o que acontece freqüentemente hoje, ministros e pastores falam dos erros existentes em suas denominações, e muitos diáconos ou presbíteros o apóiam, mas a "mamãe está doente", e nada é feito. Eles expressam a sua preocupação, permanecem "fiéis" e "evangélicos" ; tomam conta do seu próprio púlpito e não fazem nada a respeito do que está sendo dito nos outros púlpitos da mesma região e denominação. Eles cooperam com todos os homens em campanhas evangelísticas e a sua estratégia alegra os moderados perfeitamente, assim, a moderação prevalece. Traição ao Evangelho está prevalecendo e eles pensam que podem trabalhar para reformar oferecendo o seu tempo. Tentam ir mudando os médicos que envenenam o povo gradualmente, até que os evangélicos como eles sejam maioria. Então elas começam por submeter-se e dialogar com os "envenenadores" , e assim fazem parte deste mal que assola a igreja. Querem preparar toda a estratégia da reforma com as próprias mãos. Eles irão determinar um plano para si mesmos. Assim eles irão assumir a posição que o Espírito reservou só para Si.

A reforma genuína não tem nada a ver com as estratégias e planos humanos. As pessoas "bem intencionadas" estão capengando e tentando fazer um pouco neste momento para tentar deter o movimento das denominações históricas, buscando uma união com a Igreja Católica Romana, e os modernistas são exatamente este tipo de reformadores. Eles estão fazendo algo, não com convicção, mas com a sensação de que existem muitos homens mais capazes do que eles; na verdade estes homens não estão fazendo nada.
O caminho usado pelo Senhor para levar os reformadores da Sua Igreja pertence só a Ele. Os homens são instrumentos cegos, o mero avental de couro que o Espírito Santo veste quando vai entrar em ação. Eles são soldados, não sabem de todo o plano da batalha. Eles não são diplomatas ou estrategistas que decidem onde e como irão se posicionar estrategicamente. Este tipo de estratégia é totalmente errada, quando se trata da Igreja do Nosso Senhor.
Existe uma coisa que nós sabemos a respeito dos reformadores. Eles não são compreendidos e são mal interpretados e julgados pelos seus contemporâneos. Você deve ler o que os opositores de Spurgeon escreveram a respeito da sua pessoa e do seu caráter. Neste obituário escrito no THE TIMES, Joseph Parker foi gentil quando escreveu o resumo da vida de Spurgeon desta forma: "O Sr. Spurgeon era totalmente destituído de benevolência intelectual. Se homens enxergavam as coisas do ponto de vista dele, eram ortodoxos; se eles viam de qualquer outra maneira eram heterodoxos, pestilentos e não adequados para ensinar a mente dos alunos inquisidores. O Sr. Spurgeon era dono de um egotismo (ou vaidade) superlativo; não do tipo tímido e disfarçado, mas um egotismo adulto, maduro, controlador, do tipo que toma os assentos mais importantes como se fossem seus por direito. As ;únicas cores que o Sr. Spurgeon reconhecia eram o preto e o branco". (
The Time, 03-02-1892).
O padrão é sempre o mesmo. O reformador é considerado um homem brilhante, mas solitário. Ele é acusado de pensar que não é compreendido. É desconfiado, veemente, afiado, absolutista; ele vê corrupção em tudo, podridão, um processo de subversão; é agressivo, sempre quer tudo à sua maneira; vem de uma minoria cultural dentro do seu país; nunca compreende as questões; não foi educado ou instruído no certo; ele é ... velho!! Isso é o que pensam do reformador.
Neste aspecto, o discípulo não é maior do que o seu Senhor. Cristo foi rejeitado e odiado, chegou a ser chamado de glutão e tomador de vinho, que sempre estava cercado de prostitutas e coletores de impostos, que veio do lugar errado, que desprezava a lei e a virava ao contrário. Ele foi taxado de revolucionário que pregava a rebelião contra as autoridades eclesiásticas; um que surgiu no palco da vida pública sem autorização ou competência. Até hoje ainda aparecem novas acusações contra ELE.
Esta é a visão que as pessoas têm, por não entenderem que o Espírito Santo usa os seres humanos, como o trabalhador que veste sua roupa de trabalho, quando Ele vem reformar a Sua Igreja.
É este tipo de trabalhador, homens e mulheres que tenham sido revestidos pelo Espírito Santo, que nós não temos conseguido encontrar hoje. Esta é a mais triste evidência do nosso declínio espiritual.


Nota sobre o Autor: Geofrey Thomas é pastor da Igreja Batista Afred Place em Aberystwyth, País de Gales. Ele também trabalha como Editor Assistente da Banner of Truth e do The Evangelical Times.
Artigo transcrito do Jornal "Os Puritanos" - Ano II, Nº. 4.
Traduzido por: Débora M.G. Gomes
Publicado: www.monergismo.com

John Gill – Colossenses 2:10

“Também, nele, estais aperfeiçoados.” Colossenses 2:10

também nEle estais aperfeiçoados, Ou "completos", ou "preenchidos" nEle; que é, estão perfeitos nEle: os Santos estão em Cristo, e toda complitude nEle está, assim estão eles cheios também, de tanto quanto eles necessitam, e são capazes de conter: Estas palavras não são uma exortação à perfeição, como as contidas em #Ge 17:1 Mt 5:48 2Co 13:11; mas são uma afirmação, ratificando, não o que os cristãos serão daí em diante, ou o que serão no céu, mas o que são agora; não neles mesmos, porque em si mesmo ninguém é perfeito, nem mesmo aqueles que estão verdadeiramente santificados; entretanto toda a graça está seminalmente implantada neles, e eles tem uma perfeição de partes, de todas as partes do novo homem, ou nova criatura, e são perfeitos em comparação com o que antes foram, assim como ante os profanos e os hipócritas, e e também ante os que fraquejam na fé, ainda que ninguém seja absolutamente perfeito; a boa obra da graça não está finalizada neles, o pecado habita neles, estão cheios de desejos e concupiscências; o melhor deles nega a perfeição como buscam alcançar, e expressa seu dejeso de alcançá-la; mas eles são perfeitos em Cristo, seu cabeça, que tem toda complitude nEle, em quem eles são eleitos e aperfeiçoados: eles são perfeitos e completos nEle quanto a santificação; Ele tem toda complitude de graça e santidade para eles, eles a tem em Cristo; e Ele foi feito perfeito em santidade para eles: também quanto a justificação, Ele cumpriu perfeitamente a Lei para eles, Ele fez completa expiação pelo pecado, obteve redenção eterna, adquiriu uma completa e perfeita retidão, pela qual os santos são justificados de todas as coisas; são libertos do pecado, e feitos perfeitos, sem mancha ou mácula, ou coisa semelhante: e quanto ao conhecimento, embora imperfeito neles em seu presente estado, já em Cristo estão todos os tesouros de sabedoria, e não há necessidade de ir a lugar algum outro para encontrá-los; eles estão preenchidos com o conhecimento de Deus e de sua vontade, e são completos em Cristo; e o conhecimento que os santos tem, é a vida eterna, as primícias, o penhor, e a fiança dela; assim eles não tem razão de contemplar anjos ou homens, cabe-lhes olhar somente a Cristo.