"Assim, ao Rei Eterno, imortal, invisível, único Deus sábio, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém"
Primeira Epístola de Paulo a Timóteo Capítulo 1, Versículo 17


Nos versículos anteriores após recordar a obra da Graça em si, o Santo Apóstolo Paulo volta-se ao Senhor, e, tendo a vida de Deus em sua alma pela graciosa Salvação que recebera, louva ao Senhor exaltando alguns dos atributos Divinos:

Rei Eterno
Rei - O Senhor Deus é Rei pois assenta-se sobre o trono do Universo como seu regente absoluto. Cada bênção, cada alegria, cada aflição e tudo o mais, estão sob o Seu poder. Nisto, Seus Filhos encontram a paz, porém seus inimigos encontram tão grande temor que a Soberania de Deus se torna o primeiro ponto onde os falsos crentes e demais anticristos, experimental ou doutrinariamente, caem. Como é Soberano, Deus tem poder para executar o que desejar, um poder tão exclusivo como Criador e Regente, que nada pode impedir ou impelir Sua ação, exceto Ele mesmo; poder que Ele exerce de tal maneira que determina sobre si uma perfeita harmonia entre Suas ações e Sua Santidade, manifestando Seu domínio também ao tornar certas coisas impossíveis para Si (como, por exemplo, é impossível que Deus minta) e ao reter Sua justa Ira contra os pecadores para que alguns venham a se arrepender e, pela fé em Cristo, sejam poupados de terem de prestar contas quanto ao seus pecados.
Algumas referências: Salmo 115:3; Salmo 135:6; Isaías 46:10; Daniel 4:35; Atos 7:48-50; Atos 17:25; Efésios 1:11; 2 Timóteo 2:13; Tito 1:2.

Aplicações da Doutrina:

1 ) Todo homem deve achegar-se a Deus desprovido de qualquer confiança em si mesmo. Sendo Rei Eterno, o Senhor não necessita de nada que homem algum pudesse Lhe oferecer. Ele é Todo-Suficiente em si mesmo e Todo-Poderoso para fazer o que Lhe apraz. Amados leitores, tudo o que vocês podem apresentar diante do Senhor é desprezível para Ele pois, sendo Soberano absoluto e todo-suficiente, nada pode torná-lO mais feliz ou mais completo do que Ele já é. O Senhor, ao contrário dos conceitos populares e supersticiosos, não é um deus que necessita de amor, ou de aceitação, ou de fiéis ou de ser cultuado. Ele deve receber amor, submissão e culto porque esta é a única atitude sensata a se tomar quando se conhece quem é Deus; porém Deus não necessita dessas coisas e não se torna menor ou menos vitorioso se não as receber. Ainda, em nosso culto e em nosso relacionamento com o Deus Altíssimo, tudo o que podemos oferecer ao Senhor é nossa própria miséria e nossa necessidade dEle. Ele não aceita como ofertas nenhum bem que façamos, nem nenhum sentimento que nutramos, nem sequer nossa fé; porque todas estas coisas, sendo Ele Rei Absoluto do Universo, já pertencem a Ele e dEle mesmo provieram como parte da Sua Graça estendida a nós. Todo homem deve apresentar-se diante de Deus, o Rei, porque Ele é dono e senhor sobre todos, porque tudo o que possuímos e vivemos é dádiva dEle, porque somos infinitamente devedores a Ele, porque não apresentar-se e submeter-se ao Rei é um crime de traição. Todo homem deve apresentar-se diante de Deus, humildemente e com temor, e entregar-se como é, com todos seus pecados e falhas, com toda sua ignorância e altivez. Nada deve ser escondido do Senhor, pois, sendo Soberano, só Ele pode nos perdoar dos crimes que já temos cometido contra Suas Leis. Amados leitores, a Soberania de Deus é a base sobre a qual Ele pôde determinar que haveria um substituto voluntário para perecer no lugar do pecador que crer. A Soberania é a base para crermos nas promessas do Senhor e em Sua Palavra, e, portanto, no poder e obra da Cruz de Cristo Jesus, Filho de Deus; Ele mesmo, Rei exaltado à direita de Deus Pai e, portanto, poderoso, eficaz e suficiente Salvador dos que nEle crêem.

2 ) Todo homem deve achegar-se a Deus segundo os termos que Ele determina. Sendo Ele Rei Todo-Poderoso, tem plena liberdade de determinar os meios pelos quais operará Sua vontade. Se Ele decreta o mal temporário, devemos glorificá-lO nisto enquanto batalhamos pelo bem futuro. Se Ele determina que os pecadores se converterão por ouvir a pregação da Palavra, não devemos tentar convertê-los pelo entretenimento ou pela pressão psicológica de um "sistema de apelos" e, se Ele determina que serão atraídos pelo Seu Espírito, não devemos atraí-los com shows e festas. O que Ele não expressamente ordenou como instrumento ou método para Seus propósitos não deve ser intentado para tal. Se Ele determina a luta contra o erro doutrinário e que só uma Palavra é a Verdade, não devemos consentir com os erros alheios e, por uma paz demoníaca, tolerar os maiores abusos e as mais bizarras práticas e ensinos em nosso meio. Um Rei Absoluto exige a mais estrita obediência e um Rei Absoluto, Santo e infinitamente Sábio exige uma obediência radical e santa. O Senhor não tolera que homens desafiem Sua suficiência e Seu poder e tentem ajudá-lO com seus métodos e idéias humanas, como se de alguma coisa Ele precisasse. Ele não divide Sua glória com ninguém!

3 ) Todo crente deve agonizar em orações. Pois, sendo o Senhor Soberano Supremo, sendo nós desprezíveis e frágeis, impuros e falhos, só nos resta lutar com determinação e insistência, orando sem cessar diante do Senhor. Todas nossas necessidades devem ser entregues aos pés da Cruz, todas os nossos anseios devem ali ser depositados, todas as nossas dúvidas devem ali ser esclarecidas, bem como nossa fé ali fortalecida. A Cruz é a nossa porta para o Trono da Graça, é nosso único direito como pecadores e nosso maior dever para com o Rei. Irmãos, oremos dia e noite, oremos pela Igreja Cristã, tão doente em nosso País, oremos uns pelos outros, oremos por nossos ministros e por nossos púlpitos para que o Santo Espírito destrone suas concepções humanas e as substitua Soberanamente pela Antiga Verdade das Escrituras, Verdade que sempre viveu e que sempre viverá na Igreja de Cristo, Verdade pela qual, somente, ela triunfa, Verdade na qual somente o Espírito nos pode guiar. Oremos por conversões verdadeiras, por crentes cheios da Palavra e desejos de Santidade. Oremos por uma Igreja viva e eficaz, cuja voz seja a Palavra da Graça anunciando as boas-novas aos perdidos, exaltando a Cristo, mostrando o valor do penoso trabalho de Sua alma. Oremos para que os verdadeiros crentes combatam toda hipocrisia, combatam as falsas igrejas cheias de falsos dons do Espírito (pois se manifestam sem Santidade e sem glorificar a Criso), combatam tanto a frieza quanto o êxtase, tanto a letargia quanto o ativismo. Oremos por uma Igreja Pura, Santa, Unida e Poderosa na Palavra e no Espírito. Entreguemos ao Senhor todos nossos desejos e aflições. Somente Ele é Senhor para nos ouvir e nos socorrer.

Eterno – Para Deus não há começo nem fim de dias, o próprio tempo é parte da Criação dEle. O Senhor permanece, sem fim nem começo, sem mudança ou surpresa, sem "plano B". Ele é incompreensível, infinitamente sábio, auto-suficiente. Ele existe por Si só, e permanece existindo pelo que Ele mesmo é. O Senhor é Rei Eterno e, portanto, Seu Reino e domínio também são desde antes do tempo até todo o sempre. Assim, no Senhor se sustêm toda a Criação e tudo o que é temporal, mutável, fixo, permanente ou sem fim, pois Ele é superior a todas estas coisas em poder e existência, sendo nisto também Senhor delas.
Algumas referências: Êxodo 15:18 ; Salmos 10:16; Salmos 145:13; Romanos 11:33; 1 Timóteo 1:16; Tiago 1:17.

Aplicações da Doutrina:

1 ) Todo homem pode firmar-se em Deus. O Senhor é Eterno e imutável, Ele não passará ou mudará de idéia. Ele é Fiel e honra o Seu próprio Nome, tem poder, desejo e existência para cumprir Suas promessas. Muitas vezes os homens confiam no que é instável; uns confiam em sua igreja ou denominação e no que ela ensina; outros confiam na casa onde residem e se acham seguros ali; outros confiam nas aplicações financeiras que fizeram em seus bancos; e outros confiam que podem velejar tranqüilamente em seu novo e bem construído veleiro. Porém Deus desmente todas estas coisas: igrejas são contaminadas por heresias (vejam o que o movimento carismático e o movimento ecumênico tem feito em toda parte, o que jamais se imaginara tem ocorrido: homens rastejam pelo chão durante os cultos dizendo que é o mover do Espírito que faz isto – e no mês seguinte são descobertos como beberrões e libertinos; homens declaram ter poder para curar doenças e profetizar e até poder para determinar o que Deus fará – e, em menos de uma década, suas previsões e curas se mostram inúteis, quando eles e seus familiares são acometidos de doenças terríveis até a morte. Enquanto isto líderes brasileiros, que se dizem evangélicos, fazem reuniões religiosas com o infame e blasfemo Reverendo Moon); casas, e até mesmo prédios, desmoronam ou são destruídos por acidentes inesperados (ou pela conseqüência de um secreto superfaturamento da obra); bancos e nações inteiras se desintegram financeiramente; vendavais e tsunamis surpreendem os meteorologistas mais bem conceituados. Porém Deus não é em nada afetado por nenhuma intempérie, nem nunca se torna perplexo ante um fato, nem nada para Ele é inesperado. Ele é além do tempo e Senhor sobre ele. Portanto, nos firmemos no Senhor, creiamos nEle, esperemos somente nEle, tenhamos Suas promessas e Seus tesouros como os mais preciosos, pois nunca se perderão nem se esgotarão.

Imortal
Deus não pode ser vencido ou detido pela morte, por qualquer cessar, ou mesmo por qualquer adversário. Ele é incessante, não deixa de existir nem de atuar em nenhum momento. Assim Seu Reino é um Reino incessante, Seu vigiar é um vigiar incessante, Seu interceder é um interceder incessante e tudo quanto Deus faz, o faz sem precisar cessar, exceto se assim o quiser. Ainda, sendo a morte, para o homem, o salário do pecado, Deus, não tendo em nada pecado, nem causando imediatamente sequer a tentação nos homens, não tem para si tal salário, nem, sendo imutável, em nada pode ser corrompido de modo que venha a pecar. Para Deus o pecado é inaceitável e nem a sombra desse mal encontra abrigo na suprema luz de Seu Ser. Deus é imortal e incorruptível, e o sendo, é o doador de toda a imortalidade e incorruptibilidade, visto que só Ele tem vida em si mesmo (como único verdadeiramente imortal), sendo Ele, por isso mesmo, verdadeira fonte de águas vivas e fonte de todas fontes. Só Ele tem infinita vida para infinitamente doá-la a outros.
Algumas referências: Levítico 11:44, 19:2; Deuteronômio 14:2; Salmos 121:4; Romanos 1:23;

Aplicação da Doutrina:

1 ) Deus não permite que o pecado habite nEle ou permaneça em Sua presença. Sendo a Criação uma forma de expressão da Sua Glória e estando Ele incessantemente presente nela, Deus não permitirá que o pecado nela permaneça. Portanto, todo o que vive em pecado tanto apressa a própria condenação (pois se porta como inimigo de Deus), quanto corrompe a Criação (fazendo-a gemer e perecer). O Senhor punirá todo pecado. Não há escapatória, pois Deus não dorme nem deixa de vigiar sobre o que cada homem sobre a terra faz, assim como não deixa de agir providenciando que cada um receba segundo o que tem feito. Por fim, todo o que permite ao pecado viver consigo, além de diversa punição nesta vida (ainda que nem sempre essa punição seja aparente ou óbvia), receberá eterno castigo no fogo do inferno. Deus livrará Sua Criação da morte, redimirá em Cristo, com Glória, todo o Universo, renovando-o. Todo o que crer em Cristo é, por Ele, segundo o Santo Espírito de Deus opera, renovado para vida. E esta renovação encontra seu âmago no novo coração (que odeia o pecado e ama a Santidade) que o Senhor dá a todo que se arrepende de seus pecados e se entrega a Ele, com fé, para Salvação e gozo eternos. Deus não permite que o pecado habite nEle, nem que o pecado habite com Ele. O homem, igualmente, pela ação da misericordiosa Graça em Cristo, deve lutar e destruir todo pecado em sua alma, consciente de que o pecado gera a morte e ofende o caráter de Deus, que em tão grande amor nos deu Seu próprio Filho para que nEle recebêssemos a imortalidade e manifestássemos a Santa incorruptibilidade de Deus.

Invisível
O Senhor não pode ser visto por olhos mortais, nem apreendido pelos sentidos mortais. Ele é Espírito, e a Glória de Sua Santidade é tão maravilhosa que não é possível suportar tal visão – Ele habita em luz inacessível e homem nenhum jamais o viu. Cristo, no entanto, é a face do Invisível, sendo Deus e homem, sendo a única revelação do próprio Pai.
Algumas referências: 1 Timóteo 6:16; Êxodo 33:20; João 1:18; Colossenses 1:15; Hebreus 11:27.


Aplicação da Doutrina:

1 ) Somente em Cristo contemplamos Deus. Nenhum outro meio é lícito de se contemplar Deus, nem pode qualquer percepção sensorial ser utilizada para buscá-lO, exceto aquela que busca e contempla a Cristo, pela Palavra. No Antigo Testamento, por visões e operações extraordinárias, o Senhor se fez presente a diversos Santos da Igreja de Israel: Abraão o recebera como Anjo e Moisés esteve com Ele na sarça ardente; Isaías o vislumbrou entre os Serafins. Contudo, Deus não se manifestou em Glória para homem algum, nem mesmo para Moisés; tudo o que estes homens contemplaram foi a face de Cristo na forma de sua pré-encarnação, fato comumente chamada Teofania. Ezequiel vislumbrou a Glória do Senhor e descreve que mesmo sem uma visão clara, como que à distância, foi terrivelmente impactado pelo Senhor. No Novo Testamento, o Apóstolo João também teve visões de Cristo e Cristo Glorificado. São suficientemente aterradoras para serem expressas em forma de metáforas que mal podem ser coadunadas em uma só figura. Tudo isto significa que não se deve buscar uma imagem, nem qualquer sensação física, diretamente de Deus, como se pudesse um mero homem adentrar a Glória do Altíssimo. Quanto a Igreja neo-testamentá ria, a descrição de Deus como Invisível é um apelo para a maturidade daqueles que possuem uma "mais precisa palavra profética" - andemos pela fé nas Escrituras e não pela visão, por emoções ou sensações. A Escritura é suficiente para todas as coisas na Vida Cristã, para todo fortalecimento, para toda instrução, pois ela é a Palavra pela qual o Espírito opera em nós, a Palavra que testemunha de Cristo, a Palavra que é, por Deus, exaltada sobre todas as coisas – contemplemos somente nela as Cristo, e somente em Cristo ao Deus Eterno. Tudo o que passa disso é superstição, misticismo e idolatria.


Único Deus Sábio


O Senhor é o Único Deus. Não há outros deuses, nem nada que se assemelhe a Ele em toda Criação. Sendo o Único Deus, todos outros deuses não passam de vaidade e mentiras, de invencionices e perversões. Ele é o Único e Bendito Deus Soberano, sendo o Soberano Rei e Salvador Cristo Jesus, o Soberano Deus Pai Criador e o Soberano Espírito Divino. O Senhor é perfeito em Seus Santos caminhos, incapaz de errar ou enganar-se, cheio de toda sabedoria. Ele mesmo é ainda a fonte de toda sabedoria que os homens podem gozar e doador dela para quem Lhe pedir. O Senhor é o Único Deus e é infinitamente conhecedor de todas as coisas que já foram, que são e que ainda serão, não somente tendo compreensão "intelectual" delas, mas relacionando- se como Deus com elas, decretando-as pela Sua soberania, tendo íntimo conhecimento de tudo, tanto quanto ao propósito, quanto à natureza.


Algumas referências: Salmos 86:10; Salmos 115:3-8; Salmos 135:16-18; Isaías 40:18-20; Isaías 44:10-17; João 5:44; 1 Timóteo 6:15; Judas 1:25


Aplicações da Doutrina:

1 ) O coração humano é ardiloso pelo poder do pecado que, desde o nascimento, domina sobre ele. Assim, seu principal objetivo, no qual tem por aliados o Diabo e o Mundo, é destronar a Deus. Qualquer coisa servirá para o enganoso coração humano utilizar como instrumento na "morte" de Deus: o avanços tecnológicos, ciências, misticismos, superstições, fanatismos, amores, dinheiro, saúde. Em todas estas coisas o homem decaído encontra desculpas e falsos motivos, tanto em suas ausências quanto em suas abundâncias, para com elas roubar de Deus algum (ou vários) de Seus atributos, ainda que, de fato, só consiga fazê-lo na mente daquele que sofre o engano. O homem segundo Adão facilmente se apóia em alguma tese para duvidar de Deus como Criador; facilmente se apóia em algum fenômeno preternatural ou sobrenormal para duvidar de Deus como Soberano ou para duvidar da suficiência da Sua Palavra; facilmente se apóia em fanatismos para glorificar a si mesmo através de sua suposta dedicação religiosa ou através do que, alegadamente, diz ser "Deus operado" através dela; facilmente se encanta pelo falso amor que hoje chamam paixão, e negligencia os reais deveres para com o próximo; facilmente protela a dedicação ao Reino pensando em trabalhar ou estudar um pouquinho mais para ganhar um pouquinho mais, sem perceber que estes "pouquinhos mais" nunca terminam de o escravizar; facilmente cede ao auxílio de curandeiros e à falta de fé quando sofre "pele por pele". O coração humano é ardiloso e pervertido e não aceitará um Deus Único em Seu Ser e Único em Sua Sabedoria; o homem natural sempre lutará e desafiará ao Senhor, desejando ser ele o mais sábio e desejando escolher ele mesmo os deuses fracos e manipuláveis que entronizará sobre cada área de sua vida. Não nos rendamos aos ímpetos do coração, não sejamos enganados por ele, mas instemos em nos examinar diante do Senhor, em buscar em nossa alma tudo o que contraria a Lei de Deus, e entregar nossos pecados ao Senhor, com confissão e arrependimento. Se Deus mesmo não tarda em destruir as frágeis esperanças que a sabedoria meramente humana nutre, e isto Ele declara em Sua Palavra, ponhamos nós mesmos à morte estas vãs idéias e a altivez de nossa mente. Oremos e meditemos nos 10 mandamentos, espelho tão preciso que mostra nossas imperfeições ante a Santidade do Senhor; oremos e meditemos nos Sermão do Monte, cuja implacável ética Divina esmaga nossa auto-confianç a e nos despe ante Deus; oremos e meditemos nos Salmos e façamos das batalhas de Davi contra seus pecados as nossas batalhas, e das suas confissões as nossas. E, como Davi, a Graça nos dará a vitória de dizer: "Meu coração não se elevou, nem me exercito em grandes matérias ou coisas muito altas para mim, antes descanso no Senhor". Digamos, com sinceridade esta preciosa verdade, com entendimento e confiança perfeita em Cristo (pois pela retidão dEle, Deus nos atenderá em nosso arrependimento e súplica). Busquemos pedir ao Senhor que nos conceda livremente sabedoria, conforme Ele tem prometido que concederá a tantos quantos pedirem. Abandonemos a sabedoria deste mundo e toda esperança puramente terrena, façamos do céu o nosso lar e antegozemos as delícias que nos esperam à mão direita de Deus e nossa futura glória pela revelação de Cristo; estejam nestas coisas o nosso pensamento, repouse na Sabedoria de Deus o nosso entendimento – e, que grandes coisas nos serão dadas a conhecer e experimentar por nosso Senhor, maiores do que tudo o que, por nós mesmos, poderíamos imaginar!


Uma Palavra FinalEncerro esta pequena exposição de alguns dos atributos de Deus rogando ao Senhor que opere para edificação da Igreja, graciosamente, através deste humilde esforço de seu servo. Que Ele nos guie a meditarmos nestas coisas e a aprendermos delas, pela Escritura, segundo o Santo Espírito nos ensina. Sim, que a Igreja seja edificada nisto, pelo que cada um dos que compartilham comigo este estudo pode fazer, e que, dia após dia, mais e mais homens venham a se render ao Único Rei e Salvador, Soberano em Glória e Poder, e achem Paz ao tomarem para si a retidão de Cristo Jesus, confiando que o Senhor tomou sobre Ele, na sangrenta Cruz, os nossos pecados, recebendo a punição que nos era devida.

A Incapacidade Científica - parte 2

A Ciência segundo a Teologia e os erros mais comuns desta relação

Expomos na última edição as falhas da metodologia científica e, portanto, a incapacidade da ciência em criar teorias gerais que reflitam a realidade. Também na última edição, ensaiamos uma definição de ciência segundo as Escrituras e a comparamos com a ciência segundo os homens.
Partimos, nesta edição, para o meu objetivo formal neste discurso: Delegar a ciência o seu lugar devido - uma ferramenta para fins práticos - evitando assim, os erros comuns de colocá-la como oposta ou estranha à Fé Cristã. Como já foi exposto, a ciência não tem nenhuma condição de alcançar a Verdade Última, nem de alcançar um conhecimento final sobre algo; logo, aquele homem hipotético do início do texto, (um cristão professo que não crê na historicidade de Gênesis, notando especificamente isto quanto a Adão), na verdade, se afastou do ensino geral da Escritura e ausentou sua mente da capacidade crítica de um exame lógico do que lhe é apresentado, adotando uma fé cega e mundana na ciência. Ao contrário do que pensa, baseando-nos no que aqui já foi exposto, tal homem não é em nada mais sábio ou racional que os homens fiéis que crêem nas Escrituras; antes, é um tolo que não percebe o quanto está em contradição (se um verdadeiro cristão se encontra em tal estado, está espiritualmente doente por não submeter integralmente sua vida à Escritura, e não tarda a receber de Cristo e da Igreja a devida repreensão e um correto ensino, para que se arrependa. Contudo, o mais provável é que um homem assim seja um ímpio iludido que professa Cristo, sem crer sequer no que Cristo mesmo pregava). Tornar a ciência uma forma de explicar o sentido ou a origem do mundo, ou uma forma de determinar o que é verdade, é delegar a ela uma tarefa impossível, pela própria natureza da ciência. Quando assim se procede, as conclusões encontradas exigem uma credulidade obtida por complacência e culto à ciência (ou muita ignorância) e não são mais racionais do que a explicação religiosa das Escrituras. O que é pior para os seguidores da ciência é que a congruência interna das proposições científicas, na medida em que se coadunam em um sistema, é muito inferior àquela apresentada pela Sã Doutrina Bíblica quando o mesmo ocorre. Verdadeiramente “Deus tornou louca a ciência do mundo” (cf. I Coríntios 1:20). Assim, a fé que a ciência exige é uma fé em algo escorregadio, instável, sem uma forte estrutura, que, em menos de uma vida, trai seus seguidores – os darwinistas do século XIX, por exemplo, já em 1920 se diziam “os últimos darwinistas” pois a teoria havia sido tão modificada (quando comparada ao seu aspecto original, conforme elaborada por Darwin), que aqueles de 1920 abandonaram os do século XIX, e os consideravam arcaicos e tolos. Portanto, a todos quantos se chamam Cristãos, tenham firme certeza de que tomar a explicação científica em detrimento ao Texto Inspirado é negar a glória de Deus revelada e trazer trevas sobre a própria mente.
Todavia, assim como há um cientificismo maligno e uma boa ciência, há uma teologia Cristã fiel às Escrituras e uma teologia pseudo-Cristã de interesses humanos. A pura teologia Cristã, como venho aqui para torná-la conhecida, limita a ciência ao que ela realmente é, contudo, ainda aproveita-lhe a aplicação prática, e a louva como manifestação do espírito racional que Deus criou no homem (e em nenhuma outra criatura). A boa compreensão da Escritura vê, na própria necessidade de explicação do Universo, uma prova cabal de que o homem foi construído para algo mais do que o natural. Tudo isto porque a ciência, em uma sadia cosmovisão Cristã, cumpre o mandato cultural de Deus - que é a ordem dada pelo Senhor para que o homem faça bom uso da Criação, guardando-a e produzindo através dela. A Escritura diz: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.” Gênesis 1:26, domínio este que é exercido através da tecnologia e da ciência. Notemos o que diz Gênesis 2:10-15E saía um rio do Éden para regar o jardim ... onde há ouro ... bdélio e a pedra de ônix. Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o lavrar e guardar.”. Deus pôs Adão em um Jardim onde proveitosamente havia minerais e outros recursos naturais, ordenando a Adão que fizesse bom uso de tudo o que havia lá - tanto para o trabalho com a terra quanto para o trabalho com os minerais seria necessário o desenvolvimento de ciência e tecnologia. Gênesis 2:19 diz: “Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.” o que, mais uma vez nos mostra Adão em um trabalho de produção e sistematização de informações que hoje chamamos ciência, principalmente quando consideramos as evidências lingüísticas e bíblicas (Gênesis 2:23, 3:20) de que Adão não deu aos animais nomes aleatórios, mas organizadamente e com significado os nomeou. Portanto, estamos seguros em afirmar que em uma teologia bíblica, há lugar útil e definido para a ciência, lugar cujo pleno proveito se expressa quando o cientista ao elaborar a pesquisa, ou o entusiasta ao admirá-la, puder ler “Santidade ao Senhor” em cada fórmula, postulado e aplicação produzidos, uma vez que, segundo o que vimos em Gênesis, o objetivo bíblico da ciência é fazer o homem cumprir, agradecido, ao que o Senhor deseja para ele e para o Universo que criou: refletir Sua Glória e Seus Divinos atributos.
Há diferença (como trataremos mais pausadamente em um capítulo mais adiante) entre a Terra criada em Gênesis e a Terra na qual vivemos. A Terra na qual Adão foi posto era perfeita. Nela não havia pecado nem mal algum. Contudo, Adão pecou e nisto abriu as portas da corrupção, que como um parasita, adentrou e afixou-se no Universo. Assim, a Terra, pelo pecado, se tornou maldita e produziu, ela mesma, males, rebelando-se ao domínio humano e, por fim, alimentando-se do próprio homem em sua morte (Gênesis 3:17-19). A Criação geme e não deseja o estado em que se encontra, ela aguarda a redenção pela revelação dos filhos de Deus (Romanos 8:19-24). Essa redenção se dará, plenamente, na revelação de Cristo (Romanos 3:24, 8:25, Efésios 1:7, 1 Coríntios 1:30) contudo, na medida em que os Santos glorificam ao Senhor em tudo o que fazem e manifestam no mundo a mente de Cristo que neles habita, tal redenção se manifesta em parte. Assim, pela reconciliação com Deus que há em Cristo, podemos afirmar que a boa ciência e a tecnologia devem objetivar, segundo a Escritura, um papel duplo na glorificação de Deus:

1) Manifestar a redenção que temos em Cristo - ao operar a misericórdia de Deus em mitigar as conseqüências da queda de Adão, que corrompeu o cosmos, reconstituindo pela ação de mentes santificadas em Cristo parte da pureza e ordem originais da Criação. Pois em Cristo há uma Nova Criação da qual os Crentes são as primícias.

2 ) Manifestar o favor de Deus ao mundo por Cristo – na face do bem, do cuidado, e do amor de Deus que vêm, igualmente, sobre os ímpios e justos, e por meio de ímpios ou de justos. Em Sua Soberania, o Senhor Deus, paciente, benevolente e sustentador, provê o mundo de boas dádivas e refreia a corrupção que o pecado almeja, enquanto aguarda que todos os que escolheu se salvem.

Na Cruz, ao morrer para nos Salvar, Deus nos deu o sumo exemplo de amor, constrangendo-nos a ter semelhante amor pelo próximo, em Cristo. O Senhor nos mostra que devemos alimentar os famintos, vestir os despidos e curar os doentes. E, pela compreensão e ação racional da Escritura, segundo a operação do Santo Espírito nos Cristãos, a ciência, investida de amor, mostra-se uma ferramenta da Divina Providência para todas estas coisas. Logo, em ambos os papéis aqui propostos para a ciência e a tecnologia, seja ao Senhor a glória e o louvor, pois Ele é Deus sobre a ciência e a tecnologia para manifestar-se nelas, tanto pelos Cristãos que cumprem seu dever de submetê-las a Cristo, quanto por ímpios quando a graciosa vontade do Senhor assim determina. Daí, compreendemos que mesmo quando, sem intenção, providencialmente o homem descobriu a penicilina, Deus operava ali pela redenção que há em Cristo. E quando o homem, com pesquisa, trabalho e razão, utilizou-se cientificamente desta providência e encontrou aplicações benéficas para o produto descoberto, Deus foi glorificado. Quando, sem intenção, providencialmente o homem descobriu a capacidade das microondas de 2,4ghz, Deus operava ali. Quando o homem, com pesquisa, trabalho e razão, utilizou-se cientificamente desta providência e encontrou aplicações benéficas para esta freqüência de ondas, Deus foi glorificado. Louvemos, o Senhor é Deus sobre os tratamentos médicos e sobre as técnicas cirúrgicas, dEle tudo provêm, sim! O Deus das Escrituras é Deus sobre as chuvas e os mares tanto quanto o é sobre a internet, a energia elétrica e os aviões – somente a Ele toda a glória para sempre!
Novamente pensando a respeito das teologias pseudo-Cristãs e, ao mesmo tempo, resumindo a reflexão feita até o momento, apliquemos nosso conhecimento em:
1 ) Nos afastarmos da teologia que separa a obra humana da obra Divina.
Há mais filosofia grega do que sabedoria de Cristo quando se divide a vida em compartimentos como: “secular” e “religioso”; ou “tecnológico” e “espiritual”. A realidade na qual o Senhor nos chama é a da santificação de todos os aspectos da existência e a submissão de toda Criação a Cristo - não percamos isto de vista. O Reino de Deus conquista almas aos céus, mas essas almas não transcendem imediatamente os limites da carne se tornando seres alheios, arrebatados que andam pela terra. Pelo contrário, o Reino de Deus se expressa nos Cristãos pela conquista de todas as coisas para Cristo. Os Cristãos são estrangeiros e peregrinos neste mundo, mas estão neste mundo – cabe ao Cristão, pela mente de Cristo que se forma nele, conquistar, em amor e santidade, tudo o que é “secular” para que seja redimida a existência que geme pelo pecado – o Cristão, segundo seu talento e atribuição, deve fazer e apreciar a ciência como quem serve a Deus, deve desempenhar seu trabalho como quem serve a Deus, deve fazer e apreciar a arte como quem serve a Deus; deve em tudo dar glória ao Senhor.
2 ) Fugirmos da armadilha da teologia que confirma a Escritura através da ciência e, assim, delega a ciência o veredito final, ainda que o faça apenas nos casos onde a Escritura e a ciência concordem. Pois, se delegarmos à ciência a capacidade de confirmar a Escritura, acabamos por afirmar alguma superioridade da ciência sobre a Escritura, ou alguma dependência da Escritura em relação à ciência. Além disso, se o fizermos, ficará subentendido que concordamos com o método científico (que já vimos ser falho) e que cremos que por este método pode-se alcançar a Verdade. É muito mais proveitoso e sincero argumentar usando a Escritura como prova dela mesma, (porque ela é perfeita) e usando as falhas da mentalidade do descrente contra ele mesmo, pois todo não-Cristão crê em algo cujas bases são tão frágeis que, se corretamente confrontadas, cairão pelo próprio peso. Se há de se utilizar a ciência em conjunto com a Escritura, que seja para uma baixa crítica textual, para uma melhor compreensão histórica do ambiente de determinada época a qual se refere o Texto Sagrado ou algo semelhante.
3 ) Evitarmos a teologia falha que confronta a ciência com mistérios.
Não é a falta de explicação ou de conhecimento a respeito de certas questões da natureza que nos farão (ou aos ateus e agnósticos) ver Deus; há muito mais sentido em vislumbrarmos o Criador em um Universo tão complexo e tão explorado, por ser isto (tanto a complexidade quanto a exploração) fantástico demais para ser fruto de uma coincidência, do que apreendermos a existência de Deus a partir de um Universo obscurantista onde cada ignorância se torna uma idolatria; o fato de não se conhecer, por exemplo, a real natureza do átomo não faz com que Deus esteja no átomo mais do que se o desvendássemos completamente - quando não conseguimos compreender uma questão científica, o mundo precisa de quem aprofunde-se com paixão e temor no assunto e não de quem o encerre e dogmatize declarando “isto pertence a Deus somente”, ainda que muitas coisas realmente pertençam só a Ele e nunca venham a ser cientificamente compreendidas. Quando, em alguma parte anterior deste texto, deixamos claro a incapacidade do método científico para alcançar a verdade, não estamos defendendo o obscurantismo e exaltando um completo mistério como certeza de Deus. Estamos, sim, estabelecendo o sistema teológico bíblico como a única cosmovisão Cristã possível, e, por isso mesmo, a única cosmovisão lógica, pura, útil e plenamente verdadeira, por ser a única fonte clara e certa das questões últimas da existência.
Nossa conclusão, neste texto é: O Cristão não é inimigo da ciência, nem da tecnologia, mas deve batalhar para que ela seja compreendida e aplicada em um lugar útil - como ferramenta dos homens para cumprir o mandato de Deus, dominando sobre a Criação por amor, para o bem, segundo a redenção que lhes foi dada em Cristo Jesus. A ciência é dinâmica e nunca encontra o fim de sua jornada, em contraste, a Verdade Cristã é imutável e completa na obra de Cristo, alardeando as Boas Novas da Graça de Deus, de que o homem pecador pode encontrar descanso e alívio no Senhor pela Cruz do Calvário. Cremos e desejamos que a ciência, os cientistas e os entusiastas tecnológicos se fixem na Rocha e não construam suas casas sobre a areia.
E isto é bem diferente de demonizar a ciência como um todo ou exaltar a Deus apenas nas falhas humanas que forem internas às diversas cosmovisões cientificistas.